O projeto para a área do Estaleiro Só divide opiniões de moradores, associações ambientais e empresários. Para a presidente do Centro Comunitário de Desenvolvimento da Tristeza, Pedra Redonda, Vila Conceição e Assunção, Maria Ângela Pellin, as obras previstas no projeto Pontal do Estaleiro, que será apresentado em audiência pública hoje, na Câmara, priva a comunidade de acessar a orla. 'Queremos que a área seja extensão do parque Marinha do Brasil, onde as pessoas possam fazer caminhadas, correr ou simplesmente contemplar o Guaíba. Queremos uma área de lazer arborizada, pois estamos com falta de praças e parques na zona Sul.'
O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Vilson Noer, acredita na criação de pólo de comércio e negócios na Capital, pois haverá o deslocamento do eixo comercial para a região. O mesmo entendimento tem o vereador Alceu Brasinha, que defenderá o empreendimento na orla do Guaíba na audiência pública. Ele é um dos autores do projeto que altera a lei para uso da área.
Se por um lado a obra proporcionará desenvolvimento econômico, por outro contribuirá para aumentar os problemas viários, segundo Nestor Nadruz, que integra o Conselho do Plano Diretor da região RP6 e coordena o Movimento Porto Alegre Vive. Para ele, o projeto como foi concebido refletirá na queda da qualidade de vida da população da zona Sul, principalmente por conta do estresse no sistema viário, que tem poucas vias alternativas de acesso. Nadruz defende a revitalização da área do Estaleiro Só, com obras que proporcionem lazer e integrem o Guaíba à cidade. 'Mais uma vez o cidadão está sendo punido com a perda da qualidade de vida.' A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural contesta o projeto.
(Correio do Povo, 06/08/2008)