A cobra mais pequena do mundo cabe dentro de um bolso. Tem em média dez centímetros de comprimento, vive na ilha de Barbados, no arquipélago das Caraíbas e pode ficar extinta dentro de poucos meses. O réptil tem o nome científico de Leptotyphlops carlae e foi descoberto pelo biólogo Blair Hedges. O investigador da "Penn State University", nos Estados Unidos, encontrou a cobra debaixo de uma pedra.
“Fiquei excitado quando virei uma pedra e encontrei-a”, disse Hedges à BBC News. O investigador e a mulher, que é especialista em répteis, tiveram que virar centenas de pedras até encontrar o segundo indivíduo. Ao todo encontraram só duas fêmeas, um reflexo provável da redução da floresta na ilha.
A Barbados tem cinco por cento da área florestal que tinha originalmente, e a floresta está dispersa pela ilha, pondo em risco a sobrevivência da Leptotyphlops carlae a curto espaço de tempo. O investigador acredita que esta espécie é endémica da ilha. Existem no Museu de História Natural de Londres três espécimes muito antigos que na altura foram identificados como sendo de outra espécie.
“As diferenças entre animais pequenos são muito mais subtis e por isso passam despercebidas”, explicou Blair Hedges. A identificação genética é a única forma de se distinguir as espécies. “A grande vantagem do ADN é que é tão diferente entre cobras pequenas como entre cobras grandes, permitindo-nos observar as diferenças que não veríamos a olho nu”, continua.
A espécie alimenta-se de térmitas e tem particularidades físicas graças ao seu tamanho. Ao contrário das cobras grandes que chegam a pôr 100 ovos de uma vez, a fêmea de Leptotyphlops carlae só põe um ovo enorme. Quando a cobra nasce tem cerca de metade do tamanho de um adulto, o que é uma proporção anormal, já que a maioria tem juvenis muito pequenos.
Segundo o biólogo é provável que este seja o limite físico para a cobra, não podendo tornar-se mais pequena. “Se uma cobra pequenina tivesse mais do que um filho, cada ovo teria que partilhar o mesmo espaço ocupado por um só ovo, por isso os dois juvenis teriam metade do tamanho normal”, explica Blair Hedges. E não haveria nada suficientemente pequeno para comerem. Por isso, a cobra da Barbados tem um tamanho mais pequeno possível.
(Por Nicolau Ferreira, Ecosfera, 04/08/2008)