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veículos a hidrogênio tecnologias limpas emissões veiculares
2008-08-05

A partir de novembro, ônibus movidos a hidrogênio começarão a circular em São Paulo. A cidade mais poluída do Brasil e a quarta no ranking mundial busca alternativas para diminuir os efeitos das emissões de gases estufa. O projeto "Estratégia Energético Ambiental: Ônibus com Célula a Combustível a Hidrogênio", que está em fase de testes na Marcopolo, foi desenvolvido por uma empresa de chassis de Caxias do Sul, a Tutto Trasporti. O veiculo será entregue para a EMTU/SP (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos).

O ônibus está na Marcopolo para os testes finais e, a partir de novembro, será testado em São Paulo. A próxima etapa é a construção de três desses veículos no próximo ano, já melhorados em relação à primeira edição, para em seguida começarem a circular.

O presidente da EMTU/SP, José Ignácio Sequeira de Almeida, diz que o Brasil foi escolhido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) por possuir cidades muito poluídas e com grandes frotas de ônibus. “É bom lembrar que o hidrogênio encontrado atualmente vem do gás metano, que não estaria de acordo com a nossa perspectiva ambiental. No nosso projeto, o hidrogênio vem da água”, explica Sequeira de Almeida.

Além dos ônibus, o projeto abrange ainda o abastecimento, cujos postos incluem um projeto futuro. Por enquanto, o projeto é para os ônibus circularem o dia inteiro, cerca de 300 km, e abastecerem à noite”. Segundo o presidente da EMTU, há expectativa de que haja uma queda no custo do veículos. “Por enquanto, em fase de testes, só protótipo custa três milhões e meio de dólares. A expectativa no futuro é que o custo fique entre os valores do ônibus elétrico e do movido a diesel, com muita viabilidade”.

Agenor Boff, diretor da Tutto Trasporti, explica que em 1996, a empresa desenvolveu um veiculo híbrido, que utiliza combustíveis alternativos. “Encontramos a possibilidade de utilizar álcool, gás e componentes de fabricação do biodiesel, que é soja, girassol, dendem, mamona, milho”, diz. Depois disto, “empresas interligadas ao hidrogênio nos procuraram e demonstraram interesse em que a Tutto fabricasse e gerenciasse todo o projeto da América Latina de utilização de hidrogênio”. Segundo o empresário, a idéia era desmistificar e, principalmente, reduzir o custo de fabricação de veículos que utilizam o hidrogênio, pois um dos grandes problemas sempre foi o custo referente à montagem e a condições técnicas necessárias que, até então, estavam somente em países da Europa e nos Estados Unidos.

“Agora temos a possibilidade da utilização do hidrogênio, que é encontrado em toda a natureza, água, gás natural, aterro sanitário, esgoto, biomassa, que é uma fonte inesgotável de energia e com poluição zero. Não há emissão de fumaça e sim vapor d’água”, diz Boff, ressaltando que os veículos estão se tornando fontes ambulantes de água potável.

A técnica
“A tecnologia está dominada, não tem segredo. Não foram utilizadas grandes instalações, todo mundo pode montar. O mundo pode utilizar essa energia maravilhosa, que com certeza será a energia do mundo”, diz o diretor da empresa.

O técnico em eletrônica da Tutto Trasporti, Emílio Vaccari Batista, um dos participantes do desenvolvimento da tecnologia, explica como funciona o hidrogênio como combustível. “Ele é obtido através de um eletrolisador. O resíduo gerado é oxigênio e a célula é água. Essa é uma tecnologia 100% limpa, pega uma energia elétrica produzida em hidrelétrica e ela ‘alimenta’ o eletrolisador, que não libera nada além de oxigênio e não tem impacto ambiental”.

A célula a combustível é uma tecnologia que utiliza a combinação química entre os gases oxigênio (O2) e hidrogênio (H2) para gerar energia elétrica, energia térmica (calor) e água. “O hidrogênio é um mero meio de transferência de energia. Resumidamente, de um lado da célula entra o hidrogênio e do outro entra o oxigênio. No meio, entre os eletrodos, existem o eletrólito e o catalisador, que são a lógica de todo o funcionamento da célula a combustível”.

Marçal Pires, professor de química da PUCRS, especialista em Química Analítica Ambiental, afirma que a vantagem desta tecnologia é que a emissão de poluentes é praticamente nula. “O que temos que ver é o ciclo de vida completo, pois a célula contém platina atualmente. Precisamos saber qual será o destino ao final do ciclo de vida desta célula". Porém, o professor ressalta que há algumas desvantagens em relação a esta tecnologia: “O hidrogênio é um gás explosivo. É preciso tomar muito cuidado em relação ao armazenamento e à utilização. Além disto, até onde verificamos é uma tecnologia que ainda apresenta muitos custos. Mas, como qualquer nova tecnologia, em uma escala de produção maior é provável que o custo caia”, ensina Pires.

Luiz Carlos Martinelli Junior, doutor em energia mecânica, professor da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), diz que existem várias formas de se produzir o hidrogênio. Os processos iniciais de produção de hidrogênio utilizavam o carvão como primeira matéria-prima. Após esta fase, a eletrólise da água foi utilizada, sendo suplementada por processos que consomem gás natural e derivados de petróleo. “Na última década os processos e tecnologias para a manufatura do hidrogênio têm obtido muitos avanços”, diz.

Ele diz que a eletrólise é, ainda, o processo mais comum, mas classifica como muito “oneroso”, sendo possível apenas quando se tem energia elétrica abundante. “Quanto aos produtos do hidrogênio, tem-se somente vapor de água”.

História
A técnica existe há mais de 150 anos. A primeira célula combustível foi desenvolvida em 1839 por um físico inglês chamado William Grove. Ele sabia que passando eletricidade através da água podiam-se obter os gases hidrogênio e oxigênio, constituintes da água.

Ele tentou fazer o processo reverso, combinando hidrogênio e oxigênio para produzir eletricidade e água. Mas a sua invenção, chamada por ele de “bateria a gás”, não tinha muita aplicação prática naquela época. Anos depois, em 1889, o nome “célula a combustível” foi criado por dois cientistas, Ludwig Mond e Charles Langer. Eles queriam tornar a célula a combustível uma invenção prática, mas não tiveram muito êxito.

A célula a combustível só começou a ganhar vida no final dos anos 30, quando o inglês Francis Thomas Bacon desenvolveu células a combustível de eletrólito alcalino. Em 1959, ele demonstrou um sistema de célula a combustível de 5kW para fazer funcionar uma máquina de solda. No entanto, somente com a Agência Espacial dos EUA, a NASA, a célula a combustível começou a decolar. Tudo que a NASA precisava era de um equipamento que gerasse energia com eficiência, e que utilizasse um combustível leve e com grande densidade de energia – o hidrogênio.

Para maiores informações sobre a célula de hidrogênio clique aqui.

(Por Luiza Oliveira Barbosa, Ambiente JÁ, 05/08/2008)


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