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lagoa da pampulha
2008-08-04

Sete décadas depois de inaugurada pelo prefeito Otacílio Negrão de Lima (1897/1960), em 1938, para ser um dos reservatórios de água de Belo Horizonte, e 65 anos após se transformar em cartão-postal da cidade, em 1943, quando Juscelino Kubitschek (1902/1976) entregou à população o conjunto arquitetônico assinado por Oscar Niemeyer, a Lagoa da Pampulha retrata bem as diferenças da própria região, uma das mais importantes da capital. De um lado do espelho d’água, jardins e as inconfundíveis curvas da Casa do Baile, do Museu de Arte, do Iate Tênis Clube e da Igreja São Francisco de Assis. Do outro, assoreamento e rejeitos jogados por córregos que desembocam na represa. As duas faces da mesma moeda não se resumem à orla e mostram que a própria ocupação dos bairros e vilas da Região da Pampulha é exemplo da disparidade socioeconômica do município.

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Os 52 bairros e vilas, que ocupam uma extensão de 45,9 quilômetros quadrados, onde moram cerca de 150 mil pessoas, colecionam qualidades divergentes: as bucólicas e floridas alamedas do Bairro São Luiz contrastam com ruas de terra no Enseada das Garças; o tranqüilo trânsito em parte do Bandeirantes em nada lembra os congestionamentos diários na Avenida Antônio Carlos; a beleza da lagoa mais famosa da cidade não esconde os problemas de assoreamento e de lixo no mesmo espelho d’água.

Um estudo entregue à Prefeitura de BH, no segundo semestre de 2007, pelos economistas Mário Rodarte e Maria de Fátima Lage Guerra, ambos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra que a taxa de desemprego na Pampulha é de 11,5% e o rendimento médio real dos ocupados, de R$ 1,29 mil. A dupla usou dados do biênio 2005/2006 e constatou que a Pampulha, depois da Centro-Sul, onde o desemprego era de 10,47% e o rendimento de R$ 1,762 mil, teve os melhores resultados entre as nove regionais da cidade. A Norte tinha a pior taxa de desemprego (17,7%) e o Barreiro, o menor rendimento (R$ 657).

Mas a média salarial relativamente alta apontada pelo estudo na Região da Pampulha também esconde realidades extremas. Mônica Teixeira de Souza, de 26 anos, mãe de quatro filhos, é um exemplo. Bem distante da renda média de R$ 1,29 mil apontada no levantamento do Dieese e sem carteira assinada, ela sonha com uma vida melhor do que a que leva na Vila Paquetá, próximo à Toca da Raposa. Diarista, ela vive de bicos na região e com o salário mínimo (R$ 415) ganho pelo marido, Jean Carlos Rodrigues, de 29, ajudante de pedreiro. Para a mulher, o pior problema é a falta de vagas em creches.

“A Hélida, de 9 anos, e o Mateus, de 8, estão na escola, mas não consegui matricular o Daniel, de 3, e o Dyan, de 2, na creche. Sou diarista e deixo os pequenos, de vez em quando, com a sogra. Só que ela não pode tomar conta deles todos os dias. Os dois mais velhos também não, porque estudam no mesmo horário”, lamenta. A Secretaria Municipal de Educação informa que a Regional Pampulha tem 10 creches conveniadas e 12 escolas da rede municipal, uma exclusiva para o público infantil. Há, ainda, duas unidades municipais de educação infantil (Umeis), nos bairros Castelo (253 crianças) e Santa Amélia (340). Mais duas devem ser construídas nos próximos meses.


DIFÍCIL TRANSITAR

A queixa da diarista se opõe à vida universitária da principal instituição de terceiro grau do estado, a UFMG, localizada na mesma Pampulha. Para estudantes, professores e funcionários do local, o principal motivo de queixas são as retenções na movimentada Avenida Antônio Carlos, alvo de promessas de melhoria da BHTrans. Não muito longe dali, o comerciante Hermes Antônio Mingnon, de 46, morador do Bairro Enseada das Garças, não enfrenta o transtorno do tráfego intenso. Pelo contrário: seu maior problema, com que convive há 15 anos, é a dificuldade de deslocamento, já que sua casa fica no quarteirão da Avenida Francisco Negrão de Lima que ainda não foi asfaltado ou calçado.

“Em época de calor, sofro com a poeira. Na de chuva, com a lama. Os problemas causam doenças em alguns moradores. Dentro de casa, os móveis ficam sujos. As paredes, imundas. Moro na Francisco Negrão de Lima há 15 anos e estou cansado de sofrer. A rua da esquina (Radialista Carlos Filgueiras) também é de terra”, queixa-se. A pavimentação das duas vias, segundo o secretário da Regional Pampulha, Lessandro Lessa, concorre na cartela de obras do Orçamento Participativo (OP), que será fechada, no fim de 2008, por escolha da própria comunidade. “A população, que é soberana na escolha dos empreendimentos que serão executados com o recurso do OP, se mobilizou para escolhê-las. Temos de aguardar as rodadas (para ver se as obras serão aprovadas).”

Já para a relações-públicas Cristina Freitas Scorzo, de 39, a Pampulha não assume contornos de problema estrutural, com a falta de pavimentação de ruas, ou de poluição, com o excesso de poeira. Pelo contrário: nas horas de lazer, é na região, mais especificamente às margens da represa, que ela leva o filho Lucas, de 3, para passear. “A lagoa é muito bonita e deixa a região com uma temperatura amena. A Igreja São Francisco dá um charme especial à orla.” Apesar das dificuldades enfrentadas por muitos moradores, a igrejinha, única obra de Niemeyer na orla inaugurada em 1944 – a Casa do Baile, o Museu de Arte e o Iate Tênis Clube foram concluídos em 1943 –, continua abençoando a região. 
 
(Paulo Henrique Lobato, Estado de Minas, UAI, 03/08/2008)


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