No dia 16 de julho deste ano, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização das Cooperativas Brasileiras assinaram um protocolo de intenções para apoiar as ações do "Programa de Inserção Sustentável das Cooperativas no Mercado de Carbono". O programa foi lançado durante as comemorações do 86° Dia Internacional do Cooperativismo, que tem como slogan este ano a "Luta contra a mudança climática por meio das cooperativas".
As ações são voltadas para o desenvolvimento de projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) para cooperativas de pequenos produtores rurais. O Programa da OCB e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) insere as cooperativas num novo mercado e promove a difusão do conhecimento sobre as questões ambientais.
Para saber mais sobre o programa, a Adital entrevistou o técnico da Gerência de Mercados do Sistema OCB, Gustavo Prado. Nessa primeira parte da entrevista, Gustavo conta como surgiu a idéia para a integração das cooperativas com o mercado de carbono e explica como vai funcionar o novo programa.
Adital - Por que surgiu essa idéia de integrar as cooperativas ao mercado de carbono?
Gustavo Prado - Uma das atribuições da Gerência de Mercados da OCB é a prospecção de oportunidades de mercado. Trata-se da aplicação de critérios de marketing para a identificação e priorização de oportunidades de negócio a serem implementadas pelas cooperativas. Iniciamos esse trabalho em 2005, quando prospectamos a oportunidade biodiesel, iniciada a partir de 2006. No ano passado, iniciamos a implementação da oportunidade mercado de carbono e, em 16 de julho deste ano, lançamos oficialmente o "Programa Inserção Sustentável das Cooperativas no Mercado de Carbono". Em todas as oportunidades prospectadas, durante a aplicação dos critérios, os princípios do cooperativismo prevalecem sobre as variáveis mercadológicas, especialmente o 7º Princípio, da Responsabilidade Social, que envolve o desenvolvimento do cooperativismo em consonância com o bem-estar social, econômico e ambiental dos associados, empregados, famílias e comunidades onde as cooperativas estão inseridas.
Adital - Como vai funcionar o Programa de Inserção Sustentável das Cooperativas no Mercado de Carbono? Que ações já estão previstas?
Gustavo Prado - Este programa tem três objetivos/pilares fundamentais: social; econômico; e ambiental. O primeiro é promover o desenvolvimento das cooperativas e das comunidades onde estão inseridas, permitindo o acesso do pequeno produtor a todos os benefícios gerados pelas novas práticas de atuação. O segundo refere-se a prospectar novas oportunidades de mercado que resultem na geração de renda aos associados e no desenvolvimento de diferenciais competitivos às cooperativas, por meio da agregação de valor aos produtos e serviços. O pilar ambiental traz às cooperativas a responsabilidade de propiciar a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e de resíduos de produção agropecuária e agroindustrial, contribuindo para a mitigação de seus passivos ambientais e para a sustentabilidade dos recursos renováveis. Em resumo, os três pilares resultarão na transformação dos passivos ambientais das cooperativas em ativos econômicos, garantindo seu desenvolvimento sustentável.
O programa está estruturado em quatro estratégias:
- Capacitação dos técnicos das unidades estaduais do Sistema OCB para a prospecção de oportunidades de negócio nesse mercado e formação de multiplicadores e orientadores nas cooperativas para o desenvolvimento de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL);
- Workshops: Trabalhar no desenvolvimento inicial de projetos de MDL em cooperativas identificadas por técnicos capacitados em oficinas regionais realizadas anteriormente;
- Desenvolvimento de um projeto-piloto em cooperativa de pequenos suinocultores com objetivo de replicar no sistema cooperativista os processos envolvidos na estruturação de projetos de MDL, além das culturas cooperativista, preservacionista ambiental e comercial;
- Aliança estratégica: reunir empresas parceiras, públicas e privadas, para a implementação do projeto-piloto e de ações estruturantes.
As matérias sobre Produção e Renda são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil.
(Adital, 01/08/2008)