As cenas de um cãozinho sendo espancado até a morte e de uma égua agonizando por falta de alimentação marcaram a quinta e a sexta-feira em dois bairros de Santa Cruz do Sul. No Cohab, o mesmo cachorro que mobilizou os bombeiros ao cair em um bueiro, há uma semana, morreu em um ato de brutalidade cujos motivos ainda são uma incógnita. Já no Harmonia, o resgate da égua mobilizou funcionários municipais e moradores.
De tão fraco, o eqüino já não conseguia ficar em pé. Conforme moradores da Rua Normélio Boettcher, o animal era conduzido por um carroceiro, na manhã dessa sexta, quando caiu e não levantou mais. O proprietário decidiu então ir embora, abandonando a égua sobre o asfalto. Acionada, a equipe da Vigilância Sanitária ministrou mais de meio litro de soro no bicho, mas não foi suficiente.
A solução foi o emprego de uma retroescavadeira para levar o animal até o Centro de Controle de Zoonoses, onde prossegue o tratamento. Segundo o coordenador da Vigilância, veterinário Paulo Rutkowsky, além de apresentar ferimentos a égua estava em avançado estado de desnutrição, devido à falta de água e comida. Ele comenta que fatos semelhantes têm ocorrido com freqüência em Santa Cruz.
“Isto é resultado dos subempregos, onde carrocinhas se tornam fonte de sustento. Muitos carroceiros não conhecem os cuidados necessários com os cavalos, tampouco têm recursos para alimentá-los. Alguns não conseguem comprar comida nem para si próprios, muito menos para animais”, lamenta Rutkowsky. Ele supõe que o proprietário não irá se apresentar para reaver a égua, embora a lei lhe conceda tal direito.
Para receber o animal de volta, o dono só precisaria pagar uma multa e os custos de manutenção na estrebaria, o que deveria girar em torno de R$ 200,00. No entanto, o veterinário acredita que a égua já não valeria mais de R$ 50,00 no mercado informal.
A Guarda Municipal descobriu o suposto nome do proprietário e registrou uma ocorrência de maus-tratos na Polícia Civil.
(Gazeta do Sul, 03/08/2008)