A compra de terras no Rio Grande do Sul pelas empresas de celulose é um dos principais fatores que vem aumentando o preço do hectare. As papeleiras, que têm metas de adquirir de 50 a 100 mil hectares, geralmente fazem o pagamento à vista, o que facilita a compra.
Segundo o chefe da Divisão de Obtenção de Terras do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Roberto Ramos, o que também influencia no aumento do preço da terra é a elevação do valor de produtos como a soja, o arroz e a carne.
“Temos hoje três empresas que estão comprando terras no Rio Grande do Sul para fazer lavouras de plantio de eucalipto para a produção de celulose, que é a Stora Enso, Votorantim e Aracruz. Então, essas empresas, ao entrarem no mercado, também com outros produtores rurais que querem aumentar a sua produção de soja, de arroz ou de gado, as empresas entram como uma concorrente”, diz.
Segundo Roberto, o preço da terra vem aumentando desde 2006, depois de ter estabilizado entre os anos de 2003 e 2005. Nos últimos dois anos, o preço dobrou. O hectare, que estava na faixa de R$ 3 mil, hoje pode chegar a R$ 6 mil. Na região Norte, a terra está ainda mais valorizada. O hectare com plantação de soja, por exemplo, que valia R$ 9 mil, hoje pode chegar até R$ 20 mil.
“Sobe os produtos, a terra sobe na mesma proporção, principalmente no Norte do Estado, o hectare é fixado em sacas de soja. Então, os preços aumentam em decorrência das sacas de soja, que há um ano atrás trabalhava com patamares de R$ 25,00 a R$ 30,00. Hoje, está R$ 40,00, R$ 50,00”, diz.
Além da expansão das papeleiras no Estado, o que colabora para a lei da oferta e procura de terras é o que Roberto chama de efeito cascata. Ou seja, o grande produtor vende a sua terra e compra hectares em outra região. Dessa maneira, os pequenos agricultores não competem com as papeleiras e os grandes proprietários na compra de terras. No entanto, são prejudicados pela elevação nos valores.
(Por Paula Cassandra, Agência Chasque, 01/08/2008)