Em Santo Ângelo, cão abandonado é recolhido pela carrocinha, levado para o canil e tem tratamento especial. Desde o mês passado, os animais sem dono ficam em canil terceirizado pela prefeitura e entregues à adoção.
Até então, os cachorros ficavam em uma área do município, em condições precárias. Pressionada pelo Ministério Público a adequar o serviço, a prefeitura abriu licitação para impedir a proliferação de cães errantes e garantir o bem-estar dos bichos. Basta alguém comunicar a presença de um animal abandonado e ele é recolhido. A população pode ajudar colocando o cachorro no pátio até a chegada da equipe de resgate.
Os bichos ficam agora em um sítio, a cerca de dois quilômetros da cidade. Convivem em um ambiente bucólico, com verdes de matas e campos, distribuídos em 25 celas. Os mais ferozes ficam sozinhos. No mesmo sítio, longe da visão dos cães, moram também ovelhas, patos, marrecos, gansos, perus, galinhas, vacas, cavalos e pôneis.
O canil aceita devolução caso animal e dono não se adaptem
O responsável pelo serviço, Sidnei Lissarassa, um apaixonado por animais que tem 11 cachorros, fora os do canil, investiu R$ 35 mil na obra. Planejou as celas direcionadas ao nascer do sol.
Todas elas têm um dormitório, com paredes de madeira. Estão debaixo de árvores para que os bichinhos não sofram no verão. A água que eles bebem vem de uma vertente. O bebedouro tem água reposta automaticamente por meio de uma bóia, sistema que Lissarassa inventou, o que impede que os animais passem sede. O sítio contratou um veterinário para acompanhar a saúde deles e fazer a castração.
Como o local é uma área de turismo rural, teve gente que foi visitar o canil e saiu com um bicho a tiracolo. De 21 a 27 de julho, 13 dos 140 cães foram adotados. Não é preciso pagar taxa alguma. Caso o novo dono não se adapte, o canil aceita devolução. Ao contrário de outros canis municipais, o espaço não aceita só animais doentes ou agressivos.
Em Porto Alegre, por exemplo, o município recolhe somente aqueles que oferecem risco à saúde. Já em Santo Ângelo, são recebidos cães que os donos não querem mais. Neste caso, os proprietários devem levá-los até o local. Não há sacrifício de animais sadios.
- São pessoas que têm cães demais e não os querem mais. Pedimos que tragam aqui, não os abandonem - diz Lissarassa.
(Por Silvana de Castro, Zero Hora, 01/08/2008)