Superintendente do Incra vai à Justiça contra ato de integrantes de movimento que apóia desde a década de 80A prolongada invasão da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Estado, iniciada no dia 24, e os atos de vandalismo no prédio se tornaram determinantes para que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) incomodasse um aliado histórico.
Com forte ligação com os grupos de apoio aos sem-terra desde a década de 80, o superintendente regional do Incra, Mozar Dietrich, partiu para o embate. Ele sepultou as negociações com os invasores e encaminhou o pedido de reintegração de posse da área.
- O relacionamento entre o Incra e o MST ficou muito ruim. Eles sempre tiveram os canais abertos, mas agora não vamos mais negociar com eles - afirmou.
O impasse promete se prolongar, já que a Justiça negou os dois pedidos de reintegração de posse encaminhados pelo Incra e pela Superintendência Regional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que divide o mesmo prédio na Avenida Loureiro da Silva, na Capital. Para surpresa de Dietrich, o recurso do instituto ao Tribunal Regional Federal também não foi acolhido.
- É uma situação inusitada e que beneficia os invasores, que se valem disso para ficar no prédio, impedindo o nosso trabalho - criticou.
O advogado do MST Jacques Alfonsin diz que desconhece qualquer depredação no prédio, evidenciada por fotos publicadas ontem por Zero Hora, e afirma que o movimento permanece à disposição para conversar com o Incra:
- Pelo que eles me passaram, a vontade de negociar continua de pé. Teria de ouvir do próprio superintendente essa posição de fechar as negociações.
Alfonsin diz que o MST espera definições da Justiça e, por enquanto, permanecerá no local. Os invasores exigem que o assentamento de 2 mil famílias acordado entre o Incra e o Ministério Público Federal no ano passado seja concretizado.
(Por Gustavo Azevedo, Zero Hora, 01/08/2008)