A comunidade que será atingida pelas barragens do rio Santa Maria, no Rio Grande do Sul, exige anulação do estudo de impacto ambiental de dois empreendimentos. O pedido foi enviado ao Ministério Público Estadual e se refere às barragens que serão construídas no arroio Jaguari e no Taquarembó.
O consultor na área de recursos hídricos Eduardo Lanna aponta que há falhas no estudo. Entre eles, está o fato do estudo ter sido feito por uma empresa que tem vinculo com a Secretaria Estadual de Obras desde 2004. Perante o Código Estadual de Meio Ambiente, isso é ilegal e motivo para anular a validade do estudo. Ele também afirma que não foi levada em consideração a importância ambiental da área a ser alagada.
“As matas ciliares da barragem do Jaguari são as que têm maior extensão, as remanescentes, já que o resto foi todo derrubado. Isso seria por si só patrimônio ambiental que deveria ser intocável, mas enfim, o governo não está nem ai pra isso”, diz. O governo alega que as duas barragens, que integram projeto da construção de outras 12, vão abastecer a população de Lavras do Sul, São Gabriel, Dom Pedrito e região. No entanto, Eduardo afirma que as barragens irão abastecer os arrozais.
“Mas pintou um quadro caótico que não corresponde à realidade ‘ah, se não construir a barragem, Rosário do Sul e Dom Pedrito vão ficar sem água’. O que não é verdade, existem outras alternativas e a situação não é tão sério assim. Embora eles digam que não é para aumentar a irrigação do arroz. A gente sabe que o arroz é plantado em áreas de preservação permanente”, diz.
Segundo Eduardo, apenas 50 arrozeiros serão beneficiados, o que não justifica a construção de barragens com grande vazão de água. “Economicamente são um desastre total, vai se gastar muito mais dinheiro nelas do que elas vão retornar em benéfico. Do ponto de vista ambiental é uma catástrofe. Mais uma, somando-se a da silvicultura de eucalipto. Mais uma catástrofe que vai se abater sobre o Bioma Pampa”, diz.
(Por Paula Cassandra, Agência Chasque, 31/07/2008)