Quarenta ministros de Comércio pré-selecionados, convidados a Genebra, não têm nenhum tipo de mandato para decidir sobre o futuro de milhões de pessoas. A via Campesina exige o abandono das negociações da OMC.As políticas da OMC têm destruído os mercados agrícolas e alimentícios. Têm conduzido a uma privatização dos serviços e dos recursos naturais e têm gerado uma febre especulativa sobre a qual os governos nacionais não possuem controle algum. Como resultado dessa especulação com a alimentação, milhões de pessoas têm passado a sofrer o grave mal da desnutrição. A atual crise alimentar mundial é uma conseqüência direta da liberalização dos mercados e das políticas alimentares e agrícolas. Não se trata de uma crise de produção, senão de uma crise política. Nunca houve tantos alimentos no planeta, mas as ilegalidades na distribuição dos alimentos têm piorado em função das altas dos preços em favor das corporações transnacionais.
A liberalização do comércio está no centro desse problema. Utilizar como alternativas as mesmas receitas que têm fracassado somente aprofundará a crise alimentar e climática. Sago Indra, um dos líderes da Via Campesina na Indonésia, sublinhou: "Pretender resolver a atual crise através da OMC é como se estivéssemos chamando o médico errado para receitar remédios inadequados".
Durante esse tempo, as corporações transnacionais têm reforçado seu controle sobre os mercados alimentícios, nos setores de produção e distribuição. Utilizam esta crise como uma oportunidade para aumentar seus lucros e ampliar o alcance de seus negócios. Os consumidores, os pequenos produtores e os trabalhadores rurais são os grandes perdedores. Os altos preços para o consumo e os baixos preços para os produtores levam a fome para as zonas rurais e urbanas.
Um acordo maquiado não vai esconder o fracasso de uma suposta rodada de desenvolvimento que, na realidade, é uma rodada de crise alimentar. Os pequenos produtores, os trabalhadores rurais e os produtores de alimentos, homens e mulheres ao redor do mundo, não podem se deixar enganar. Em apoio às numerosas lutas contra a OMC, exigimos a abolição de todas as negociações comerciais em sem âmbito.
(MST, 29/07/2008)