Apesar da divergência entre os índices dos dois principais institutos que medem o desmatamento da Amazônia, devastação da Amazônia ainda é alta
Os dois principais institutos que monitoram o desmatamento na Amazônia divulgaram hoje os números do desmatamento. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve queda de 20% no desmatamento em junho. Já o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) detectou crescimento de 23% na área desmatada.
Apesar da divergência entre os números, os dois institutos apontaram o estado do Pará como campeão de desmatamento: segundo o Imazon, 63% de todo o desmatamento ocorreu no estado. O Inpe identificou 499 km² de áreas desmatadas no Pará, representando um aumento de 91% do que foi detectado no mês passado.
DeterPara monitorar o desmatamento, o Inpe utiliza o sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), que a partir de imagens de satélites detecta o corte raso, que é o processo de remoção total da cobertura florestal em curto intervalo de tempo, e a degradação florestal progressiva, que é o processo no qual a floresta vai sendo destruída aos poucos.
De acordo com o Deter, 870 km² foram desmatados no mês de junho, 20% a menos do que em maio. O Mato Grosso foi o segundo estado que mais desmatou, com 197,2 km2 detectados, e depois aparecem com expressividade o Amazonas (78,4 km2), Rondônia (47,2 km2) e Maranhão (42,6 km2). Segundo o Inpe, 28% da Amazônia Legal estava coberta por nuvens, principalmente no norte da Amazônia, dificultando o monitoramento nos estados de Roraima e Amapá, cujas nuvens cobriam 97% do território.
O Inpe também apresenta um relatório com avaliação e qualificação dos dados do Deter. De acordo com esse relatório, 92% dos alertas detectados pelo Deter foram confirmados como desmatamento, sendo 66,7% por corte raso. Veja o relatório na íntegra.
ImazonSegundo os dados do Imazon, monitorados pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), foram 612 km2 desmatados em junho, com um aumento de 23% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O Imazon também identificou o Mato Grosso como segundo estado que mais desmatou, seguido de Rondônia e do Amazonas.
A maioria dos desmatamentos detectados ocorreu em áreas privadas ou de posse (68%), mas também foi expressiva a quantidade desmatada em Assentamentos da Reforma Agrária (18%). 10% de toda a área desmatada ocorreram em Unidades de Conservação, e 3% em Terras Indígenas.
Segundo o instituto, o desmatamento se concentrou principalmente nas rodovias BR-163 e Transamazônica. Rondônia apresentou desmatamento intenso em Porto Velho, e no Mato Grosso o desmatamento foi disperso. Os municípios mais críticos foram Altamira, que sozinho desmatou 39,9 km2, e São Félix do Xingu, com 38,3 km2, ambos no estado do Pará. Nas unidades de conservação, a situação foi crítica na Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, no Pará, com 21 km2 detectados.
(Amazonia.org.br, 29/07/2008)