O problema do lixo espalhado pelas calçadas das ruas de maior movimento do centro da cidade é uma das questões que incomodam os pedestres santa-marienses. Além do chorume - o líquido poluente de cor escura e cheiro ruim liberado pela decomposição do lixo orgânico - os sacos de dejetos deixados nas ruas e mesmo nas lixeiras estão sujeitos a serem rasgados por cães e acabam espalhados pela rua. Santa Maria é a segunda cidade brasileira a implantar o sistema moderno italiano de recolhimento de lixo, muito comum em toda a Europa. Apenas Caxias do Sul possui o serviço atualmente.
Com a licitação para colocar de novos contêineres vencida pela PRT Prestadora de Serviços, no dia 4 deste mês, o prazo de 90 dias para a disposição de novos e maior número desse tipo de equipamento já começou. Os cerca de dez contêineres de aço galvanizado que atendem apenas a região do Calçadão de Santa Maria serão retirados e serão dispostos 400 contêineres com capacidade para 2,4 mil litros de lixo a cada 50 metros na área delimitada pela avenida Borges de Medeiros até a Euclides da Cunha, avenidas Dores e Medianeira até a Vale Machado, incluindo ainda locais como a Vila Belga.
De acordo com o engenheiro da PRT responsável por esse processo, Marcelo Mello Buzzatto, o depósito do lixo deverá ser feito somente nos contêineres. “Depois de definida a empresa da qual compraremos os contêineres. Os moradores e condomínios terão prazo para retirar e dar destino às lixeiras antigas da frente das casas e edifícios, caso contrário a prefeitura deverá retirá-las. “Já temos duas empresas em vista. Em uma semana, os contêineres já estarão prontos para serem usados”, afirma Marcelo Buzzatto.
Segundo o engenheiro florestal da secretaria de Proteção Ambiental, Luiz Geraldo Cervi, a região centro produz cerca de 30% do lixo recolhido na cidade, portanto será a primeira a receber os novos locais para depósito do lixo. “São cerca de 40 a 50 toneladas de rejeitos apenas no centro. Em seguida expandiremos para as outras áreas da cidade. Dentro de cinco anos, esperamos ter mil contêineres espalhados pela cidade, inclusive com separação de lixo seco e orgânico para reciclagem”, diz Cervi.
Modernidade - Os contêineres serão equipados com sensor que avisará os caminhões de coleta quando 80% da capacidade for atingida. O recolhimento do lixo nos novos locais pode acontecer até duas vezes por dia, dependo se atingirem ou não os 80% da capacidade. Para que os contêineres sejam usados pela população, o engenheiro afirma que 15 dias antes de sua colocação, será feita uma preparação da população para a mudança.
“As pessoas terão de ser educadas para não colocar mais o lixo na frente de casa ou na lixeira e, sim, nos contêineres. O lixo que estiver fora desses locais não será recolhido”, ressalta Cervi. O engenheiro florestal lembra ainda que os carrinhos que recolhem o lixo da região do Calçadão Salvador Isaia e Praça Saldanha Marinho continuarão circulando no local.
Os dois caminhões para recolhimento já estão sendo montados na fábrica, assim como o veículo lavadoura, que garantirá os contêineres sempre limpinhos. Com a automatização do serviço, será necessária apenas a presença de um motorista, motivo pelo qual também ficará impossível recolher dejetos das antigas lixeiras. Segundo o gerente comercial da PRT, Elton Tomazzetti, os atuais trabalhados serão remanejados para outros serviços dentro da empresa e não devem ocorrer demissões.
Mais dinamismo aos moradores
A principal vantagem apontada pela PRT para o estilo do serviço é a possibilidade dos moradores escolherem o horário e dia mais apropriados para retirar seus lixos de casa. Como o contêiner é fechado, os dejetos podem ser depositados a qualquer hora do dia ou da noite, sem trazer risco de mau cheiro. O próximo passo agora é um estudo da quantidade de resíduos fabricados por quadra da cidade. “Locais em que há mais edifícios produzem mais lixo e talvez serão necessários mais de um contêiner”, explicou Elton Tomazzetti.
Para ele, a cidade ficará com aspecto ainda mais agradável, sem lixo, poluição ou lixeiras nas entradas dos condomínios. “O processo será implantado e não terá volta. Agora cada vez mais implantaremos o sistema até que toda a cidade receba o serviço”, concluiu.
Como será o recolhimento
Na coleta conteinerizada, 400 contêineres serão colocados no Centro, ocupando espaço equivalente a uma vaga de carro, junto a calçada, a uma distância de 50 metros um do outro. Todas as lixeiras residenciais serão retiradas.
Atingirá 20% da população de Santa Maria, com o perímetro abrangendo desde a Avenida Dores, Avenida Medianeira, Rua Silva Jardim até a Euclides da Cunha.
Os containers terão 2,5 metros cúbicos de capacidade. O lixo ficará completamente vedado, sem possibilidade de vazamento, sendo mais higiênico que as atuais lixeiras. Nem mesmo em caso de chuva, ocorrerão problemas, pois haverá uma tampa nos recipientes que será acionada pelos moradores por meio de um pedal.
O recolhimento será conforme a demanda, pois o sistema funcionará por meio de sensores que indicarão quando os contêiners estiverem 80% cheios para que sejam esvaziados. O caminhão de recolhimento contará com o motorista mais um auxiliar.
Braços mecânicos despejarão o conteúdo do contêiner no caminhão para compactar o lixo. Logo após, passará o caminhão higienizador para fazer a lavagem e esterilização do recipiente.
O veículo terá sistema computadorizado que permitindo o motorista visualizar o processo de recolhimento e lavagem através de câmeras instaladas dentro do caminhão.
Após a coleta
Triagem: há esteiras rolantes e, em cada extremidade, funcionários separam plástico, vidro, papel, metal e material orgânico.
Compostagem: transformação do material orgânico em adubo.
Destinação final: resíduos não aproveitáveis vão ao aterro sanitário que será uma espécie de vala forrada com uma lona de um centímetro de espessura, para não haver vazamentos. Também haverá drenos para o gás metano e para o chorume. O lixo ainda será compactado com camadas de terra. Quando a “vala” estiver cheia, a lona será fechada, isolando todo o lixo do meio ambiente.
(Por Luísa Kanaan e Thais Miréa, A Razão, 29/07/2008)