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zoológicos
2008-07-29
O aposentado José Antônio Lopes, aos 78 anos, viveu uma experiência única, ao lado de sete familiares, entre netos, noras e filhos. Eram cerca de 19h da primeira sexta-feira de julho, dia 4, quando os Lopes se juntaram a um grupo de 75 pessoas para embarcar no passeio noturno pelo Zoológico de São Paulo. "Foi emocionante demais ver um leão tão próximo", vibrava ele, que entrava pela primeira vez em um zôo. "Fiquei admirado de conhecer tantos animais."

A idade avançada não impediu José Antônio de acompanhar o grupo durante todo o percurso de duas horas. Como no passeio noturno é permitido se aproximar das grades, as crianças também compartilhavam da mesma euforia ao ficar cara a cara com os bichos. "Os hipopótamos são enormes! Nunca pensei que veria algum tão pertinho assim", encantou-se Giovanna Bombonato, 8, neta do aposentado.
 
Os olhos de Giovanna brilharam ao ver os dois, ali, a poucos passos à frente, abrindo e fechando a boca para pegar o alimento. O professor universitário José Guilherme Lopes, 36, aproveitou a visita do pai e de dois sobrinhos, que moram no Pará, para fazer as reservas. "Eles disseram que viriam passar as férias de julho comigo, então quis aproveitar", conta o professor, que teve a sorte de conseguir oito lugares em cima da hora, completando o grupo com a mulher e a concunhada, além do pai e de quatro sobrinhos.

Nas férias, o passeio noturno (o último foi na sexta-feira passada), oferecido há cinco anos, é um dos mais concorridos programas da cidade, justamente por agradar a adultos e a crianças. "É preciso fazer reserva com dois meses de antecedência ou, então, contar com a sorte de alguém desistir", explica o biólogo Guilherme Domenichelli. O próximo está agendado para 1º de agosto. O preço por pessoa é de R$ 60, e crianças de cinco a dez anos pagam R$ 40. Menores de cinco têm entrada gratuita.

O Zoológico de São Paulo se transforma quando a noite cai. Tudo começa no anfiteatro do parque. Aos poucos, os participantes vão chegando. Na porta, um folheto é entregue a cada um, com breves explicações sobre o passeio e recomendações do que não fazer durante o trajeto.

Colocar a mão nas grades dos felinos ou dar gritos para chamá-los, nem pensar! "Desliguem os celulares para manter o silêncio", pede o guia. "Nesse passeio, a idéia é aprimorar os nossos cinco sentidos."

O intuito é também estimular a educação ambiental. "A coruja Hera foi recuperada pelo zoológico", conta a bióloga Fernanda Vaz. "Caiu do ninho quando era filhote e foi apedrejada." Enquanto a especialista falava, uma coruja sobrevoava a cabeça dos visitantes. Foi alimentada, diante da platéia extasiada, com pedacinhos de carne de rato. Na segunda fila, Giulia de Almeida, 8, mal conseguia se conter na cadeira: "Adorei a coruja. Nunca tinha visto uma voando de lá para cá".

Depois foi a vez de o técnico de répteis Edvaldo dos Santos entrar com uma cascavel de um metro de comprimento, toda enrolada numa caixa de plástico. O objetivo também foi sensibilizar as famílias sobre a importância da preservação. "É uma lenda dizer que as cobras vão atrás das pessoas para picá-las. Só fazem isso quando se sentem ameaçadas, como forma de defesa", ressalta Edevaldo.

Antes de começar o passeio, os visitantes testaram o tato, acariciando uma macia cobra píton albina com manchas amarelas.
 
Com o grupo dividido em dois, teve início o passeio. Os visitantes noturnos foram convidados a percorrer o parque a pé, acompanhados por um monitor, que usava lanterna com iluminação mais fraca para não incomodar os bichos.

No começo, o escuro impedia que a visão alcançasse muito longe. Logo era possível ver e sentir a presença de duas suçuaranas, recolhidas pelo zoológico depois que a mãe foi morta numa caçada ilegal. No recinto seguinte, a jaguatirica andava de um lado para o outro cheia de energia. Como são animais noturnos, praticam atividades e se alimentam durante a noite e tiram o dia para dormir.

Foram percorridas 20 jaulas. Objetos lúdicos e comida espalhados nos recintos deixavam os animais mais ativos, entre eles jabutis, tartarugas, tamanduás e jacarés. As girafas também deram o ar da graça. Um rugido imenso de um leão aguçava a audição e a imaginação, enquanto o grupo passava pelo local onde os animais são mantidos para que as jaulas sejam limpas.

Ao final, para completar a experiência dos cinco sentidos, um lanche foi servido. "É um excelente passeio para a família inteira. Aqui, a diferença de idade desaparece. Adorei ver a reação das crianças e a do meu pai, tão entusiasmados com tudo", disse, satisfeito, Guilherme Lopes, que reuniu três gerações da família no escurinho do zôo.

Gente fina com os bichos:
- Não usa máquinas fotográficas ou filmadoras
- Desliga os aparelhos celulares
- Não joga nenhum tipo de alimento aos animais
- Não arremessa objetos nos recintos
- Não coloca a mão nas grades
- Não grita e mantém a voz baixa

Programação em agosto:
1º/8, às 18h45
15/8, às 18h45
29/8, às 18h45

Zoológico de São Paulo
Av. Miguel Stéfano, 4.241 Água Funda. Telefone para reservas: 0/xx/11 5073-0811 ramal 2119. Informações pelo site www.zoologico.sp.gov.br

(Raquel de Medeiros, Revista Folha, Folha Online, 28/07/2008) 

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