Um pequeno roedor encontrado no Sudeste Asiático obviamente não dirige automóvel, mas, se fosse submetido a um bafômetro, poderia ser preso, caso tivesse que respeitar as leis de trânsito dos humanos.
O motivo é que o animal, que lembra um esquilo, ingere álcool em níveis que para o homem seriam alarmantes. Apesar de se acreditar que o homem é o único animal que consome álcool, cientistas acabam de descobrir que o Ptilocercus lowii subsiste há 55 milhões de anos com uma dieta composta por um equivalente da cerveja.
A espécie da ordem Scandentia, da qual fazem parte as tupaias, também conhecidas como musaranhos-arborícolas, é encontrada na Malásia e foi estudada por um grupo de cientistas do país e da Alemanha. Os resultados serão publicados esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Os pesquisadores apontam que o pequeno mamífero placentário é muito semelhante ao último ancestral comum de todos os primatas, o que implicaria que a sensibilidade humana ao álcool seria um componente evolucionário.
O Ptilocercus lowii se alimenta do néctar produzido por flores de uma palmeira (da espécie Eugeissona tristis), que é fermentado a uma graduação alcoólica de até 3,8%, semelhante à da cerveja.
O alemão Frank Wiens, da Universidade Bayreuth, e colegas gravaram imagens em vídeo do roedor, que tem hábitos noturnos, e fizeram análises da concentração alcoólica encontrada em seu organismo. Segundo eles, em qualquer noite, a probabilidade de o Ptilocercus lowii estar bêbado, de acordo com os padrões humanos, é de 36%.
Apesar do consumo considerado elevado, não foi encontrado qualquer sinal de intoxicação. Segundo os cientistas, uma explicação é que o animal contaria com um sistema de degradação alcoólica mais eficiente do que o dos humanos.
O artigo Chronic intake of fermented floral nectar by wild treeshrews, de Frank Wiens e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.
(Agência Fapesp, 29/07/2008)