Pela quarta vez consecutiva, o governo vai tentar vender os lotes de "boi pirata", animais criados irregularmente na estação ecológica Terra do Meio, em Altamira, no Pará. O novo leilão está marcado para a próxima terça-feira (5). Nesta segunda (28), não houve interessados em comprar o rebanho, apreendido por fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Polícia Federal em operação realizada em junho. O preço de venda dos animais será divulgado com dois dias de antecedência. Até a divulgação, o Ibama vai recorrer da liminar que impediu o deságio de 60%.
Nesta segunda-feira (28), uma hora antes do início do leilão, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que organiza a venda, recebeu despacho do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª região proibindo a redução no valor do lance inicial. Na decisão, o desembargador federal Olinto Herculano de Menezes determinou que "não seja aceito, no leilão de 28 de julho, nenhum lance inferior ao preço de mercado". Com a decisão, o governo foi obrigado a manter o preço de R$ 3,151 milhões para a venda dos bovinos, divididos em seis lotes. A idéia era oferecer os animais por R$ 1,445 milhão.
Em nota, o Ibama esclareceu que a redução do preço era justificada pelo custo de manutenção e retirada do rebanho da área, que, segundo fontes que acompanham o mercado de boi gordo, é isolada e de difícil acesso. Embora durante o pregão não tenha havido lance, várias empresas interessadas na compra ligaram para a Conab após o encerramento do leilão, informou a assessoria de imprensa do Ibama.
Mas a falta de informações e de uma divulgação regional sobre os detalhes do leilão são apontados por especialistas como alguns dos principais fatores para os seguidos fracassos do governo. Um exemplo disso foi a própria redução do tamanho do rebanho. Na semana passada, a assessoria de imprensa do Ibama esclareceu que a oferta de 3.500 animais na primeira tentativa de leilão tinha como base "relatos de vaqueiros".
A recontagem dos lotes indicou que são criados 3.146 animais na fazenda Lourilândia, que fica na reserva. No leilão desta segunda (28), foram oferecidos 3.046 bovinos, já que os outros 100 animais criados na propriedade estão distantes da área de manejo e, por isso, ficaram de fora do leilão. Esses animais serão leiloados posteriormente. O dinheiro arrecadado com a venda será destinado ao programa Fome Zero.
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Gazeta do Povo, 28/07/2008)