Apresentado ontem pelo governo do Estado, projeto norteará licitação, prevista para ser lançada até dezembro, em busca de empresários dispostos a investir cerca de R$ 400 milhões até 2013
Desta vez, garante a governadora Yeda Crusius, a revitalização do Cais do Porto da Capital deixará de ser um sonho.
Ontem, ela anunciou o plano de negócios que poderá nortear um projeto para transformar a degradada zona portuária em atração turística até 2013 - a tempo, por exemplo, de servir como mais um cartão de visitas caso Porto Alegre seja uma das sedes da Copa do Mundo de 2014.
Promessas para reestruturar embelezar o local são freqüentes desde 1991 (veja quadro abaixo). Nenhuma saiu do papel.
A proposta escolhida agora é uma das três apresentadas para o Cais Mauá, em um processo de seleção iniciado no ano passado pelo governo gaúcho. Não é o projeto definitivo. São diretrizes definidas nos últimos três anos que deverão ser seguidas pelas empresas interessadas em revitalizar e explorar a área comercialmente. A principal exigência era que o trecho entre a Usina do Gasômetro e a Estação Rodoviária, sem operação do porto, fosse integrado à cidade e tivesse acesso gratuito à população.
Até dezembro, prevê o governo estadual, será aberta uma licitação para escolher a empresa que desenvolverá o projeto definitivo a partir das diretrizes definidas pela proposta vencedora, anunciada ontem. A ganhadora da concorrência terá o compromisso de remodelar a área e poderá explorá-la comercialmente por 25 anos por meio do aluguel dos espaços.
A expectativa é de que as obras comecem ainda em 2009, com previsão de quatro anos para serem concluídas e custo estimado de R$ 400 milhões. Yeda diz que a parceria entre poder público e empresas é a grande esperança para dar nova cara ao cais. Diferentemente das iniciativas anteriores, a revitalização não depende de recursos públicos.
- Esta será uma obra privada. O Estado terá que dar toda a infra-estrutura e as licenças necessárias para que a obra dê lucro a quem participar desse investimento, mas o investimento pesado será da iniciativa privada - disse Yeda.
Pelo plano de negócios vencedor, apresentado pela M. Stortti Consultores, os armazéns seriam reformados e destinados a lojas, bares e restaurantes. As paredes de alvenaria seriam removidas e substituídas por vidros, o que possibilitaria admirar a paisagem do Guaíba. As principais construções, no entanto, ficariam nos dois extremos. Perto da rodoviária, seriam erguidas duas torres comerciais para escritórios e estacionamento. Na outra ponta, perto da Usina do Gasômetro, está previsto um hotel, um shopping e um centro de convenções.
Muro da Mauá pode ser reduzido à metade
- O plano de negócios é uma idéia. A empresa que vencer a licitação pode propor mudanças. Não significa, por exemplo, que o hotel ficará exatamente naquele local. O mais importante desse plano foram os conceitos de exploração do local apresentados - observou Edemar Tutikian, coordenador executivo do projeto de revitalização do Cais e presidente da comissão formada para avaliar o plano anunciado ontem.
Entre as propostas, está a diminuição da altura do muro da Avenida Mauá - que passaria de 3 metros para 1,5 metro - e a construção de plataformas flutuantes para o passeio de pedestres.
(Por Mauro Graeff Júnior, Zero Hora, 29/07/2008)