Uma doença misteriosa está dizimando as ostras jovens na França, causando a pior crise enfrentada pelos produtores nos últimos 30 anos. O governo considera a situação crítica devido à elevadíssima taxa de mortalidade registrada, que atinge entre 40% e 100% em todo o país, de acordo com o Instituto Francês de Pesquisa para a Exploração do Mar (Ifmer).
O número é muito superior ao teto autorizado para a taxa de mortalidade. O limite de alerta que indica um problema com as larvas de ostras é de 15% de mortes após o nascimento. "Há dez anos registramos mortes de ostras jovens durante o verão na França. Mas o que preocupa agora é a intensidade do fenômeno e o fato de ser simultâneo em todas as regiões produtoras", afirmou André Gérard, diretor de pesquisas do Ifmer.
"A mortalidade é causada por um agente patogênico de origem ainda desconhecida", declarou o ministro francês da Agricultura e Pesca, Michel Barnier. Segundo o ministro, mesmo a dimensão da crise ainda não pode ser medida. Além de mobilizar recursos para pesquisas científicas, com o objetivo de identificar a origem do problema, Barnier pediu à Agência Sanitária para a Segurança dos Alimentos que avalie a situação.
Sem riscos à saúde
Como a doença atinge as larvas de ostras com menos de um ano de idade e não as adultas, que são as distribuídas ao mercado consumidor, a venda do produto não está proibida na França porque nenhum perigo para a saúde foi detectado até o momento. O problema é sobretudo de ordem econômica, já que a doença misteriosa atinge boa parte da produção de ostras que seriam vendidas ao público em cerca de dois anos.
A França é o primeiro produtor europeu de ostras e o quarto mundial, atrás da China, do Japão e da Coréia do Sul. A produção no país atinge 130 mil toneladas por ano e reúne entre 15 mil e 20 mil ostreicultores. Nos anos 70, uma doença que demorou para ser identificada dizimou as ostras de origem portuguesa que eram produzidas na França.
Elas foram substituídas por ostras de origem japonesa, que são as afetadas atualmente pelo altíssimo índice de mortalidade e que representam 95% da produção francesa. O grande temor dos ostreicultores é de que essa espécie seja dizimada, já que não existem alternativas de substituição no curto prazo. O ministro da Agricultura anunciou que irá liberar verbas e conceder isenções fiscais para os produtores mais afetados, mas ainda não especificou os montantes nem a data da ajuda financeira.
(BBC Brasil, Ultimo Segundo, 29/07/2008)