O registro de cerca de 80 pingüins mortos em Cidreira, no Litoral Norte do Estado, no último final de semana, não é considerado anormal pelo Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Segundo a assessoria do órgão, os animais não apresentavam sinais externos de ferimento nem de mancha de óleo, diferentemente do que foi registrado há aproximadamente um mês, quando um vazamento de óleo decorrente de choque entre dois navios, no litoral uruguaio, ocasionou a morte de ao menos 500 desses animais no Litoral Sul, entre Cassino e Rio Grande.
"Nesta época do ano, ocorre um deslocamento natural, os pingüins saem da Argentina e buscam as águas do Sudeste aproveitando o que chamamos de corrente fria das Malvinas, que auxilia neste deslocamento", afirma o médico veterinário José Pedro Rocha, pesquisador da UFRGS. Para ele, esta movimentação "é normal", embora possa surpreender o grande número de animais mortos – 80 – para uma pequena extensão (40 quilômetros da praia de Cidreira).
"Há um percentual que morre por processo de seleção natural, por patologias ou parasitismo próprio da espécie. Mas não podemos descartar também as causas de interferência humana, como a sobrepesca, que causa a falta de alimentos para os pingüins", observa Rocha. Ele explica que a migração é sazonal e não se dá para reprodução, que "ocorre nas colônias de origem".
O pesquisador ressalta que, por se tornar mais visível, quando as praias são mais freqüentadas, aos finais de semana, a mortandade acaba surpreendendo mais. Lembra ainda que as mortes não necessariamente ocorreram todas ao mesmo tempo: "Parte deles pode ter morrido há mais de uma semana ou há um mês, mas com a mudança de maré, pode haver uma concentração, levando ao aparecimento deles em conjunto, na orla."
Em razão de alguns dos animais estarem já em decomposição, não são realizadas análises, sendo os pingüins encaminhados para aterros sanitários. "São realizadas necropsias somente quando os animais são encontrados vivos e acabam morrendo", explica.
(Por Cláudia Viegas, AmbienteJÁ, 29/07/2008)