O domingo (27) ensolarado e a programação esportiva e cultural ajudaram a reunir cerca de 500 pessoas no protesto contra a construção de uma pousada na Praia do Gravatá, entre a Mole e a Joaquina, no Leste da Ilha de Santa Catarina. A dificuldade do acesso, com pouco menos de 30 minutos por trilha acidentada com subidas e descidas, não diminui o entusiasmo dos participantes.

A movimentação começou às 10h, com um campeonato de surfe montado na Praia Mole especialmente para o evento, mas com atletas de alto nível dentro e fora do mar: Guga Arruda, Tiago Bianchini e Davi de Jesus, todos participantes do Super Surf (equivalente à primeira divisão do surfe profissional do Brasil) como competidores; Fábio Gouveia e Xandi Fontes no júri e Teco Padaratz como narrador. Além disso, Neco Padaratz, mesmo de fora da competição, compareceu e pegou algumas ondas mais tarde, quando o grupo já estava no Gravatá.

- O pessoal todo quis participar porque quem surfa aqui sabe a importância de preservar essa área - disse Davi, um dos mais engajados no projeto.

Depois de surfar, ele percorreu a trilha várias vezes para ajudar em detalhes da organização da caminhada e ajudava a orientar os participantes na escolha do caminho menos trabalhoso na volta.

Após o campeonato, que reuniu cerca de mil espectadores, por volta do meio dia, o grupo saiu em passeata pela Rodovia Manoel de Menezes até a entrada do caminho que leva ao Gravatá, próximo ao Bar Latitude.

Empresa diz que não haverá dano ambiental

É ali que devem ficar a sede da pousada e bangalôs, caso o projeto seja aprovado. Entre os que aderiram e os que deixaram o grupo no caminho, cerca de 500, de acordo com estimativas de policiais militares no local, foram até o rancho de pescadores na praia.

Após a caminhada e a foto simbólica e gritos de "rá rá rá, vamos salvar o Gravatá", a maior parte retornou para a Mole e o show musical com integrantes do Dazaranha. Outros foram conhecer o sítio arqueológico do local, enquanto os organizadores chamavam para a audiência que discutirá o assunto na Câmara de Vereadores, às 14h30m, do dia 14 de agosto.

O arquiteto responsável pela obra da Tandau Empreendimentos, André Schmidt, diz que a empresa possui os terrenos há mais de 30 anos e que o projeto, de mais de cinco anos, é de baixo impacto ambiental.

- Iremos construir só onde a lei permite.

(Diário Catarinense, 28/07/2008)