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emissões de co2 protocolo de kyoto
2008-07-28

“Esperar até 2050 para reduzir pela metade as emissões de gases contaminantes, como propõem os oito paises mais industrializados, é simplesmente uma temeridade, pois as mudanças devem ser feitas já”, disse à IPS Maria Novo, catedrática da Unesco na Universidade Nacional de Educação à Distância, da Espanha. Esta especialista afirmou que “as crianças e os jovens de hoje merecem ser levados em conta, que pensemos neles e que deixemos de lado nosso egoísmo e nossa miopia, que nos impede de ver o presente e olhar par ao futuro”.

O Grupo dos Oito, integrado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia, pediram urgência em sua cúpula deste mês no Japão para que até 2050 sejam reduzidas pelo menos em 50% as emissões de gases causadores do efeito estufa, em relação aos níveis de 1990. A novidade na reunião do G-8 é que pela primeira vez o governo dos Estados Unidos aceitou assumir esse compromisso, embora haja muitas dúvidas de que este país adotará as medidas necessárias para cumpri-lo. Os EUA são o único país do G-8 que não ratificou o Protocolo de Kyoto, que obriga os Estados industrializados a reduzirem até 2012 suas emissões desses gases em 5,2% em relação aos níveis de 1990.

Na Espanha, o tema não só desperta polêmicas como também grandes contradições. O Ministério da Indústria do governo do primeiro-ministro socialista José Luiz Rodríguez Zapatero decidiu frear a geração de energia solar fotovoltaica, limitando sua instalação a um máximo de 300 megawatts ao ano. Diante disto, a organização ecológica Greenpeace expressou enérgico rechaço. José Luis García, responsável pela campanha sobre Mudança Climática e Energia desse grupo disse à IPS que o governo tem um “medo cênico” produzido pelo rápido crescimento da energia renovável e que por isso busca limitá-lo a qualquer custo.

Essa limitação estaria impulsionada para não prejudicar as empresas que atualmente produzem energia com fontes tradicionais, com gás, petróleo e usinas hidráulicas. Uma posição totalmente oposta foi indicada por Arnulf Jaeger-Walden, do Instituto para a Energia da Comissão Européia, que propôs instalar painéis solares no deserto do Saara, no norte da África. “É necessária apenas capturar 0,3% da luz que cai sobre o Saara e os desertos do Oriente Médio para atender as necessidades de energia de toda a Europa”, afirmou Jaeger-Walden, em sua participação no Eruscience Open Forum 2008, que terminou terça-feira em Barcelona.

Há sete anos a União Européia impulsionou a produção de energias renováveis com o objetivo de reduzir o consumo de petróleo, carvão e derivados. Essa decisão foi particularmente importante para a Espanha, que tem um nível de irradiação solar superior aos demais países do bloco. Ao expor a proposta européia, Jaeger-Walden explicou que “um pequeno retângulo colocado nos extensos terrenos do Saara seria a solução mais eficaz para por em marcha um audacioso plano de redução das emissões de dióxido de carbono (CO²) em toda a região”.

A Argélia já iniciou a construção de uma grande unidade produtora de eletricidade combinando energia solar e gás natural, que a partir de 2010 poderá ser exportada para a Europa e chegar aos seis mil megawatts ao ano em 2020. Além disso, Jaeger-Walden expôs a idéia de criar uma série de enormes fazendas solares na Europa para produzir eletricidade, através de células fotovoltaicas ou concentrando o calor do sol para ferver a água e movimentar as turbinas. Acrescentou que alguns países europeus inclusive poderão exportar energia eólica quando se dedicarem com vigor a produzi-la, e citou entre esses possíveis exportadores Grã-Bretanha e Dinamarca.

García destacou que a tecnologia produtora de energia solar está disponível, por isso considera urgente sua aplicação, já que também ajudaria a gerar empregos, aumentar a atividade industrial e a exportação de tecnologia espanhola, bem como contribuir para um desenvolvimento sustentável “na Espanha e no resto do mundo. Também ajudaria terem acesso à eletricidade milhares de milhões de pessoas que agora não dispõem dela”, acrescentou o ativista do Greenpeace. Esta organização reconhece que o custo da produção da energia fotovoltaica é um grave problema, por isso considera necessário desenvolver um mecanismo econômico de apoio baseado em um aumento da capacidade de produção e maior investimento em pesquisas tecnológicas.

Mas, o Greenpeace está otimista, pois entende que em uma década esse custo poderá ficar abaixo do preço da eletricidade para usuários domésticos. Diante dessa polêmica, Novo explicou à IPS que a questão vai além das polêmicas nacionais, pois “as emissões de CO², a mudança climática, a crise econômica, a alimentar e outros problemas fazem parte da mudança global em que se encontra o planeta ao ser manipulado pela espécie humana”. Isso, acrescentou, “nos apresenta a necessidade de mudar de rumo, já que o modelo de crescimento indefinido não deve ser mantido por mais tempo em um planeta que é um sistema fechado com recursos que perecem”.

Para que essa mudança ocorra, prosseguiu, é preciso vinculá-la às formas de vida que são as mudanças no transporte e na organização das cidades. Novo recorda que por anos a economia do mundo se baseou em movimentar mercadoria de um lado para outro graças ao petróleo barato, “algo que já acabou e não voltará”. Agora, se deve pensar menos no que vem de fora e olhar mais para o que está próximo, como no setor alimentar em que cada país ou região deveria dar ênfase à produção local e importar menos.

Também considera que é preciso terminar com a imagem, muito visível no mundo industrializado, onde cada pessoa utiliza seu veículo de maneira solitária para se deslocar, o que teria de ser substituído pelo uso dos transportes públicos. “Isso não só melhoraria o meio ambiente como também os orçamentos de cada pessoa que deixasse de usar individualmente seus veículos”, afirmou. Novo concluiu dizendo que uma grande responsabilidade cabe ao Estado no sentido de um melhor comportamento da cidadania e que se fizesse isso “a Espanha poderia reduzir em 35% o consumo energético nos próximos 10 anos, sem renunciar à uma boa qualidade de vida para todos seus habitantes”. O desafio está lançado.

(Por Alicia Fraerman, Envolverde, IPS, 25/07/2008)


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