No dia do meio ambiente, 5 de junho, a Câmara de Vereadores rio-grandina sediou uma audiência pública proposta pelo vereador Delamar Mirapalheta (PDT) para debater a ampliação da estação. Estiveram presentes representantes de órgãos e entidades dos dois municípios, inclusive Castelli. Na ocasião, levantou-se os impactos negativos que poderiam surgir para as lavouras de arroz e até a prospecção de áreas para a instalação de usinas de energia eólica. No entanto, a consolidação da ampliação da área pretendida não corresponde a tais reflexos.
Com terras desapropriadas na década de 80 durante a criação da Esec, moradores locais adaptaram suas atividades sem a área, enquanto outros puderam permanecer já que não receberam indenização. “Ainda temos resoluções a serem resolvidas sobre as desapropriações do passado”, esclareceu Castelli.
A direção da Esec afirma que a atual proposta de consolidação não tem relação com o antigo projeto de ampliação para 110 mil hectares, suspenso pelo Supremo Tribunal Federal há cerca de oito anos. Os recursos das indenizações para os casos de desapropriação viriam do processo de compensação ambiental da construção da fase C da Usina de Candiota III. O valor estimado é de R$ 2,5 milhões. Parte também poderá vir das medidas compensatórias da obra de duplicação da BR-392.
Na proposta de consolidação está também a viabilidade de estruturar a visitação ao local, o que já é feito por pesquisadores e interessados através de projetos do Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema). Por ser UC de Proteção Integral, na Esec não é permitido nenhum tipo de atividade socioeconômica dentro da sua área. Desta, 90% são destinados à preservação total e 10% para pesquisa e educação ambiental.
Criação da estrada e dilema da proteção
Cortada por uma estrada, a BR-471, a Estação Ecológica do Taim sofre com a perda de animais que atravessam a pista. Há quase dez anos, as antigas cercas de proteção que impediam a travessia de animais como ratão-do-banhado e capivaras, foram destruídas com uma forte enchente. Desde então, parte delas até hoje não foram recolocadas.
Por meio de doações da Gerdau, novas cercas foram doadas há mais de um ano, guardadas no pátio da estação. A administração pediu providências imediatas e apresentou denúncia junto ao Ministério Público Federal em Rio Grande sobre o assunto. “Uma média de 12 animais tem morrido por mês atropelados na rodovia”, afirmou o chefe da Esec, Amauri Motta.
Enquanto isso, mesmo com a placa de sinalização da travessia do animal e o radar de fiscalização de excesso de velocidade, é comum passar pela rodovia e presenciar restos de ao menos uma capivara. Em um percurso de apenas cinco quilômetros, a equipe do Diário Popular somou 14 capivaras mortas. Um projeto para a construção de um mirante anexo à BR-471 está tramitando. O projeto esta em análise no Dnit e devera ser implantado ainda neste ano.
(Diário Popular, 27/07/2008)