A extensão das ciclovias em ruas da cidade de São Paulo vai quadruplicar ainda esse ano. Aos atuais 4,5 km de via existentes fora dos parques, serão somados 12,2 km que devem estar disponíveis na Radial Leste, a principal via de ligação da região com o centro da cidade. É pouco se comparado a outras cidades. Paris possui 371 quilômetros de vias específicas, com estações para aluguel de bicicletas públicas a cada 300 metros. Em Copenhague, na Dinamarca, são mais de 300 km usados por 500 mil ciclistas todos os dias. Amsterdam tem mais 400 de km.
A ciclovia da Radial Leste está sendo construída ao lado muro que divide a pista de automóveis e a linha do metrô. Do total de 12 quilômetros previstos pelo projeto, 4 estão prontos quase sem interrupções na pista própria para bicicletas. Esse trajeto fica entre as estações Itaquera e Vila Matilde do Metrô. A pista mede 2,50 metros e foi projetada para ser compartilhada entre pedestres e ciclistas.
Nesse percurso há interrupções e quem está de bike precisa arriscar a vida na intensa Radial Leste. De Itaquera a Vila Matilde, alguns trechos da pista de veículos são redirecionados para que a ciclovia possa ser contínua. A partir da estação de Vila Matilde, no sentido centro, há poucos trechos acessíveis. Há mais interrupções do que via contínua. No último trecho previsto para ciclovia, entre as estações Carrão e Tatuapé ainda não vestígio de passagem para a ciclovia.
Segundo o gestor, André Goldman, da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, a obra deverá ser concluída ainda este ano. Até a finalização, deverá ser pintada, sinalizada e provida de travessias. "Estamos atendendo uma demanda reprimida da população no trecho entre Tatuapé e Itaquera". O custo da obra teria ficado em cerca de 9 milhões de reais. O cinza da paisagem da ciclovia da Radial Leste deverá ser amenizado quando as mudas colocadas lá crescerem. Essa foi sugestão dos moradores que foi aproveitada e incorporada pela prefeitura.
Zona norte
No canteiro central da Avenida Inajar de Souza há cerca de 4 quilômetros de ciclovia. O percurso começa no cruzamento da rua Mourato de Oliveira e vai até a Dornelândia, com a Inajar. A partir daí há uma placa da prefeitura informando que a ciclovia está em obras. No entanto, não há evidências de trabalho de construção. De acordo com a Secretaria do Verde o projeto prevê sete quilômetros.
Ao sair da ciclovia, os ciclistas contam com poucos faróis de cruzamento e se arriscam ao cruzar a pista dos automóveis. Poucos utilizam equipamento de segurança como capacete e luzes.
Há dois anos e sem problemas, o auxiliar de setor de supermercado, Cláudio Nunes, faz o percurso de casa, nas proximidades da Avenida Inajar, até o trabalho de bicicleta. Segundo ele é mais rápido do que ir de ônibus. "Faço 25 minutos de bicicleta, de ônibus faria 45", diz.
A bicicleta é elogiada também por outro morador próximo à Inajar, Celso Vieira Rocha, auxiliar de inspeção de materiais elétricos. Da mesma forma, o veículo não-motorizado facilita a ida até o emprego. "Além de ganhar tempo por não ter que esperar no ponto o ônibus, eu ainda faço a viagem mais rápido de bicicleta", conta. O trecho entre casa e trabalho leva de 40 a 50 minutos de ônibus. Já de bicicleta, 25 minutos.
Ciclovia de um quilômetro
Na Avenida Sapopemba, Vila Ema, há uma ciclovia ao longo da Adutora Rio Claro - que é uma tubulação ao longo da Avenida. Essa ciclovia não chega a um quilômetro. Tão pequena que pode passar desapercebida. O percurso é feito pelo canteiro central e integrado a uma área de lazer dos moradores. Segundo a Secretaria do Verde, o projeto previsto para a Adutora Rio Claro é de sete quilômetros. Mas na região não são vistas obras.
A ciclovia não foi reconhecida nem mesmo por um morador da Vila Ema que estava de bicicleta na Avenida Sapopemba o aposentando Álvaro Lutizzoff. Acostumado, segundo ele, a ir até Itaquera algumas vezes por semana, receberia bem a expansão do pequeno trecho que ali existe. No entanto, a Avenida Sapopemba parece não ter a largura adequada para receber uma ciclovia em vários trechos de sua extensão.
Outras duas ciclovias fora dos parques, de pouco mais de um quilômetro, a da Nova Faria Lima e a da Sumaré estão desativadas. A primeira foi interditada, e em parte demolida, pelas obras do Metrô. A segunda virou pista de cooper por causa da falta de sinalização. Os trechos com quebra-molas não facilitam o uso pelos ciclistas, além do piso ter irregularidades diversas.
Ciclovias de São Paulo (em km)
- Em parques - Ibirapuera (5,5), Anhangüera (2,7), Carmo (8,2) e Cemucam (2,6). Sub-total: 19 km.
- Em ruas - Nova Faria Lima* (1,3), Sumaré* (1,4) e Estrada da Colônia (1,8). Sub-total: 4,5 km.
- Em obras - Inajar de Souza (7**), Radial Leste (12,2**) e Adutora Rio Claro (7**). Sub-total: 26,2 km. Total: 49,7 km.
- Em projeto - Butantã (15), Campo Limpo (12,8),Parelheiros (5,35), Ermelino Matarazzo (11,5), Perus (3,3) e Marginal Pinheiros (14,5). Parques Lineares: Caulim, Cocaia, Bispo e Praia SP.
Faria Lima* - Interditada. Sumaré* - Virou pista de cooper
** Previsão da Secretaria do Verde e Meio Ambiente
(Por Carolina Spillari, Estadão online, 26/07/2008)