Cientistas americanos afirmam ter decifrado o mecanismo que gera as tempestades cósmicas que causam as auroras boreal e austral e desordenam as operações dos satélites, as redes de abastecimento elétrica e os sistemas de comunicações, segundo um relatório divulgado pela revista "Science". Os fenômenos, também chamados de subtempestades, foram nas últimas décadas uma preocupação permanente para a segurança dos astronautas.
Segundo Vassilis Angelopoulos, professor da Universidade da Califórnia, existem duas teorias que tentam explicar a origem das tempestades. Uma delas diz que o mecanismo desencadeador surge relativamente perto da Terra. Trata-se da acumulação de grandes correntes de íons carregados e elétrons ou plasma que são liberadas por uma explosiva instabilidade.
A segunda assinala que o mecanismo está mais longe e o processo é diferente. Quando duas linhas de campo magnético se aproximam devido à carga energética do sol, se chega a um limite crítico em que as linhas se reconectam e transformam a energia magnética em cinética e calor. Essa energia é liberada e produz uma aceleração dos elétrons do plasma, de acordo com a explicação dos cientistas.
Segundo Angelopoulos, pesquisador do Projeto Themis financiado pela Nasa, sua pesquisa determinou que a segunda teoria é a correta.
"Nossos dados demonstram claramente e pela primeira vez que a reconexão magnética é o fator desencadeante das tempestades cósmicas".
Themis corresponde à sigla em inglês de "História Cronológica de Eventos e Interações em Macroescala de Subtempestades".
O cientista afirma que sua pesquisa obedeceu a necessidade de prever quando ocorrem essas tempestades "para que os astronautas entrem em suas naves" e "possam desligar os sistemas dos satélites para que não sejam danificados".
(O Globo, 27/07/2008)