O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, declarou neste sábado (26/07) que o Irã possui de 5 mil a 6 mil centrífugas destinadas às atividades de enriquecimento de urânio. A informação indica que o país ampliou seu programa nuclear controverso apesar das pressões internacionais.
"Hoje, eles (os ocidentais) aceitaram que o número de 5 mil a 6 mil centrífugas existentes não está aumentando e que não há problema de elas funcionarem", disse Ahmadinejad em discurso em Machhad, segundo a rádio do Estado.
Ahmadinejad também acrescentou que a "resistência do Irã obrigou os EUA a mudarem de posição e a participar das discussões".
"Os americanos diziam antes que o Irã deveria aceitar a suspensão para que eles participem das negociações, mas eles participaram sem que o Irã suspendesse seu programa, e recebemos isto de bom grado", declarou Ahmadinejad.
Arsenal
No início de abril, o Irã afirmou que havia acrescentado 492 novas centrífugas às 3.000 instaladas anteriormente.
Na época, o presidente Ahmadinejad declarou que o Irã iniciaria a instalação de 6 mil novas centrífugas na usina de enriquecimento de Natanz (centro).
A usina de Natanz pode conter até 50 mil centrífugas, mas segundo a AIEA (Agência Internacional de energia atômica) a produção de urânio levemente enriquecido em Natanz é "bem inferior" à sua capacidade teórica.
Uma instalação de 3 mil centrífugas permite teoricamente obter, num prazo de seis a doze meses --desde que elas funcionem de modo otimizado-- uma quantidade suficiente de urânio altamente enriquecido para fabricar uma bomba atômica.
Crise
A declaração do presidente iraniano foi feita uma semana após a reunião em Genebra de Saïd Jalili, o responsável iraniano do dossiê nuclear, e Javier Solana, o chefe da diplomacia da União Européia, assim como representantes de seis países (Rússia, EUA, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha) para tentar encontrar uma solução para esta crise.
Estas discussões não permitiram avanço real e as grandes potências deram 15 dias no Irã para dar uma resposta clara á sua maneira de oferecer cooperação em troca de uma suspensão de suas atividades nucleares sensíveis.
A Casa Branca advertiu quarta-feira o Irã contra novas sanções, principalmente contra o sistema bancário iraniano, se não aceitar a oferta internacional e a suspensão de seu programa de enriquecimento de urânio.
Mas o chefe da diplomacia russa, Sergueï Lavrov, se pronunciou quinta-feira (24/07) contra a fixação de datas limites para o Irã.
Vários responsáveis iranianos rejeitaram esta idéia. "Fixar uma data limite não faz nenhum sentido", declarou neste sábado o presidente da Comissão dos Assuntos estrangeiros no Parlamento, Allaeddine Boroujerdi, segundo a agência de notícias russa Irna.
(Folha online, 26/07/2008)