O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, recebeu neste sábado (26/07) o título de "herói nacional da proeza nuclear", concedido por grupo de catedráticos iranianos membros de grupos paramilitares voluntários, fiéis ao regime dos aiatolás.
O título inovador foi entregue a Ahmadinejad durante o encerramento da 10ª Conferência de Pensamentos Catedráticos Basiyies, realizada hoje na região iraniana de Mashhad, informou a agência de notícias Mehr.
Várias personalidades iranianas participaram da cerimônia, entre elas os ministros de Indústria e de Ciência, além do líder dos basiyies, que também atuam como grupo de pressão contra protestos operários ou de estudantes.
O título de "herói nacional da proeza nuclear" foi concedido a Ahmadinejad no momento em que o Irã enfrenta uma nova onda de pressões internacionais para suspender sua atividade de enriquecimento de urânio. Ele disse hoje que o Irã possui de 5 mil a 6 mil centrífugas destinadas às atividades de enriquecimento de urânio. A informação indica que o país ampliou seu programa nuclear controverso apesar das pressões internacionais.
Ahmadinejad também acrescentou que a "resistência do Irã obrigou os EUA a mudarem de posição e a participar das discussões". "Os americanos diziam antes que o Irã deveria aceitar a suspensão para que eles participem das negociações, mas eles participaram sem que o Irã suspendesse seu programa, e recebemos isto de bom grado", declarou Ahmadinejad.
No início de abril, o Irã afirmou que havia acrescentado 492 novas centrífugas às 3.000 instaladas anteriormente. Na época, o presidente Ahmadinejad declarou que o Irã iniciaria a instalação de 6 mil novas centrífugas na usina de enriquecimento de Natanz (centro).
A usina de Natanz pode conter até 50 mil centrífugas, mas segundo a AIEA (Agência Internacional de energia atômica) a produção de urânio levemente enriquecido em Natanz é "bem inferior" à sua capacidade teórica.
Direito
Na quarta-feira (23/07), Ahmadinejad disse que o Irã não renunciará ao direito de ter acesso à tecnologia nuclear, e rejeitou as advertências dos Estados Unidos para que o governo iraniano suspenda o enriquecimento de urânio. "O povo iraniano não se submeterá às pressões [da comunidade internacional]. Ninguém conseguirá aterrorizar o povo iraniano", afirmou.
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, ameaçou o Irã com novas medidas punitivas caso não responda claramente dentro de duas semanas à exigência do G5 (grupo dos cinco países mais ricos do mundo e a Rússia) para que abandone o enriquecimento de urânio. EUA, União Européia e ONU dizem acreditar que o país possa utilizar seu programa nuclear para produzir bombas atômicas. O governo de Teerã nega.
Na semana passada, representantes da União Européia e Irã realizaram reuniões em Genebra (Suíça) sobre a questão nuclear. O chefe de política externa da União Européia, Javier Solana, afirmou que o Irã não deu uma resposta clara à proposta de incentivos --feita pelos cinco países do Conselho de Segurança da ONU (França, Reino Unido, China, Rússia e EUA) mais a Alemanha-- para a suspensão do programa.
A última oferta que o Irã recebeu inclui a novidade de abertura de um período de pré-negociação, durante o qual o Irã poderia continuar com o enriquecimento de urânio no nível atual, mas se comprometeria a não iniciar novas centrífugas. Em troca, as seis potências mundiais não adotariam novas sanções contra Teerã.
(Folha online, com informações da EFE, 26/07/2008)