Há alguns dias, ouvia-se reclamação na rua quanto ao calor de 30 graus. Na sexta-feira (25/07) e ontem (26/07), escutei gente reclamando do frio que fazia. Ora, se o futebol gaúcho tem sua gangorra, o nosso clima também. É a nossa rotina em se tratando de clima no Rio Grande do Sul. O ritmo da temperatura é determinado pela nossa condição de fronteira climática. A qualquer época do ano estamos sujeitos à influência de massas de ar frio e quente. Dias frios ocorrem em pleno verão, a ponto de gear nas áreas mais elevadas do Sul do Brasil, assim como são registrados dias quentes durante o inverno.
A nossa condição geográfica favorece ainda que as mudanças sejam muito rápidas no tempo. Ar polar chega ao Sul da Amazônia, mas as mudanças de temperatura lá não são tão bruscas como aqui. Isso porque o Rio Grande do Sul se encontra exatamente na faixa de transição do centro da América do Sul, o que permite trocas muito rápidas e freqüentes de massas de ar frio e quente.
Uma semana, por exemplo, pode começar quente, tornar-se depois fria e terminar de novo sob influência de ar mais quente. Agosto e setembro são meses que marcam a transição do auge do inverno climático em direção à primavera, assim como o final de abril e o mês de maio constituem o período clássico entre o verão climático e as semanas mais frias do ano.
Nessas fases de transição, as mudanças bruscas do tempo tendem a ser mais numerosas. Entre agosto e setembro, as massas de ar quente do Norte tendem a chegar com maior freqüência no Sul do Brasil e o encontro com os pulsos de ar frio do Sul favorece, então, que este seja um período com fortes picos de calor e maior freqüência de tempestades com granizo e vendavais.
(Por Eugenio Hackbart, Correio do Povo, 27/07/2008)