A preocupação com o acesso dos agricultores familiares aos recursos para aquisição de máquinas e implementos do programa Mais Alimentos levou o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) a criar um grupo de trabalho (GT) para monitorar o andamento das ações. A decisão foi tomada ontem, após reunião com representantes da indústria, na Fiergs, em Porto Alegre. Ficou estabelecido que os integrantes do GT – MDA, Simers, agricultura familiar e Banco do Brasil – vão se reunir uma vez por semana. 'A intenção é evitar problemas e promover soluções rápidas, caso eles ocorram', explicou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.
Ontem (25/07), foi assinada a inclusão do Simers no programa, que vai garantir crédito de até R$ 100 mil por família, com prazo de dez anos, carência de três e juros de 2% ao ano. Com o acordo, os pequenos produtores terão descontos para modernização da propriedade. O impacto, conforme o presidente do Simers, Claudio Bier, deverá ser incremento de 8% a 10% no volume de vendas, que já alcançou os patamares de 2004, referência para o setor. 'É um incentivo para a indústria nesse nicho da agricultura familiar, que é representativo na economia gaúcha.' As pequenas propriedades respondem por 27% do PIB do RS, o que representa R$ 42 bilhões. O Mais Alimentos pretende agregar R$ 9,8 bilhões em três anos, ou seja, crescimento de 1,5% ao ano. No período, a produção da agricultura familiar deve aumentar em 60%.
A projeção é motivo de comemoração para o secretário da Agricultura, João Carlos Machado, que salientou a representatividade da indústria gaúcha de máquinas, responsável por 50% da produção de tratores do país. Na Assembléia Legislativa, onde Cassel apresentou o programa aos deputados, a coordenadora de Jovens da Fetag, Josiane Einloft, solicitou novo convênio para dar continuidade à pesquisa que tratou de sucessão rural, realizada há mais de dois anos. 'Não adiantam políticas públicas para aumento de produção se a propriedade estiver vazia.' O presidente da Fetag, Elton Weber, se disse preocupado com a exclusão da avicultura, suinocultura, do fumo e da soja.
(Correio do Povo, 26/07/2008)