A falta d'água em Franca (400 km de SP) virou caso de polícia ontem. A Polícia Militar teve de escoltar caminhões-pipa para impedir brigas nas filas por água e para acalmar quem reclamava. Pelo quarto dia, 85% da população ficou desabastecida por conta do rompimento de uma adutora da Sabesp.
O presidente da estatal, Gesner Oliveira, esteve em Franca à tarde e disse que o abastecimento deve ser restabelecido até a noite de hoje. O rompimento, o segundo consecutivo, ocorreu em razão de um desabamento do solo.
No Parque Santa Bárbara, onde foi necessária a intervenção da PM, uma fila de cerca de 200 pessoas esperava desde as 10h30 o caminhão-pipa. Os moradores receberam a informação --da própria Sabesp, disseram-- de que o caminhão chegaria ao local na hora indicada. Como a água não chegou, por volta das 14h30 um grupo iniciou um protesto e montou uma fogueira com pedaços de madeira, interditando a rua.
"Chegamos aqui às 10h30, olha que horas são, moço [15h]. É uma falta de respeito deixar esse tanto de gente esperando debaixo do sol", disse a dona-de-casa Neuza Fernandes, 49.
Chamada, a PM dispersou o grupo e até ligou para a Sabesp para que o caminhão chegasse rápido. Outro caminhão teve que ser escoltado por policiais no Jardim Aeroporto, segundo funcionários da Sabesp.
A falta d'água mudou a rotina na cidade. A prefeitura disponibilizou 62 caminhões-pipa para atender à população. Muita gente, especialmente mulheres e crianças do Parque Santa Bárbara, usaram água de minas até para lavar a louça.
O presidente da Sabesp disse que a companhia dará desconto aos consumidores de Franca que não tiveram água, para compensar o problema.
Um dia após demonstrar irritação com a Sabesp, o prefeito Sidnei Franco da Rocha (PSDB) classificou o ocorrido como um acidente e disse que a empresa resolveu a questão.
(Por George Aravanis, Folha online, 25/07/2008)