O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta sexta-feira (25/07)ações urgentes contra a crise mundial dos alimentos, que disse ser fruto do protecionismo e do alto preço do petróleo, entre outros fatores, enquanto voltou a defender os biocombustíveis.
Em discurso na 7ª Cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada em Lisboa, Lula pediu um acordo internacional "que deixe de tratar o comércio agrícola como uma exceção". Segundo fontes de sua delegação, o presidente expressou sua preocupação com as "tentativas de vincular o desenvolvimento dos biocombustíveis à escassez de alimentos ou ao aumento de seus preços".
Lula negou essa relação e defendeu a fabricação de combustíveis a partir da agricultura para gerar emprego e riqueza e assegurou que, no Brasil, o cultivo da cana-de-açúcar, da qual se obtém combustíveis, não reduz nem invade a produção de alimentos.
Segundo o presidente, a questão da segurança alimentar é um capítulo "dramático" da fome e da pobreza, fruto de uma combinação de fatores como as más colheitas, a alta do preço de energia, o abandono da agricultura e a diminuição dos estoques.
Lula defendeu a redução da vulnerabilidade dos países em desenvolvimento, agora dependentes de alimentos importados a preços artificialmente baixos, mediante o aumento e racionalização dos recursos agrícolas e a "eliminação das práticas desleais que caracterizam o comércio agrícola mundial".
Ele também ressaltou que o Brasil promove um debate equilibrado e racional sobre os biocombustíveis e convidou os oito países que formam a CPLP a participar da conferência internacional sobre o assunto que será realizada em novembro em São Paulo.
Segundo Lula, os desafios estão em ações como o barateamento de energia e dos adubos e o fim dos "subsídios intoleráveis à agricultura dos países ricos". O presidente ressaltou a importância da abertura de mercados e do aumento da oferta mundial de alimentos, além do investimento em tecnologia agrícola e do fortalecimento da agricultura familiar para impulsionar uma política de segurança alimentar "global e solidária".
Em relação à cúpula da CPLP, o presidente também lembrou os programas de cooperação que o Brasil mantém com vários dos países-membros e defendeu a reformulação de visões e a criação de um mundo em que "não só a energia, mas também as idéias, sejam renováveis".
Lula, que chegou na noite de quinta-feira a Lisboa, retorna amanhã ao Brasil, após participar da cúpula dos países lusófonos e realizar reuniões bilaterais com autoridades de Portugal e das demais nações de língua portuguesa.
Na cúpula, que termina hoje, participam os chefes de Estado e de Governo de Portugal e de suas sete ex-colônias: Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Angola e Moçambique.
(Folha online, com informações da EFE, 26/07/2008)