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manguezais
2008-07-25

A destruição dos ricos manguezais do noroeste do México tem um forte impacto negativo na atividade pesqueira da região, segundo estudo preparado por seis cientistas de instituições mexicanas, dos Estados Unidos e da Espanha. Mais de 26 áreas pesqueiras de alto valor econômico, que fornecem benefícios anuais de US$ 700 mil por hectares, têm sustento nos manguezais do Golfo da Califórnia, no oceano Pacífico, entre a Península da Baixa Califórnia e os Estados de Sinaloa e Sonora, a cerca de 1.700 quilômetros da capital mexicana, afirma o estudo, divulgado esta semana.

“Existe uma correlação entre a quantidade de manguezais e a pesca de espécies com bagre, robalo, pargo e jaiba” (um tipo de crustáceo), disse à IPS um dos autores do estudo, Ezequiel Ezcurra, diretor do Centro de Pesquisas da Biodiversidade da Califórnia no Museu de História Natural de San Diego (EUA). A pesquisa, publicada na prevista Anais da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, indica que 31% das capturas artesanais registradas entre 2001 e 2005 correspondem a variedades relacionadas com florestas de mangue, um ecossistema de zonas costeiras tropicais e subtropicais formado por diferentes espécies de árvores tolerantes à água saldada.

Por meio de uma combinação de estudos de campo, análises geográficas e avaliações econômicas, os cientistas comprovaram que 13 regiões costeiras do Golfo da Califórnia produziram uma média anual de 11.500 toneladas de peixes e jaibas derivados dos manguezais entre 2001 e 2005, com renda de US$ 19 milhões para os pescadores locais. Os especialistas estabeleceram que um hectare de mangue vermelho (Rhizophora mangle), o que tem maior contato com o mar, apresenta na zona produtividade pesqueira anual de quase US$ 37 mil. No longo prazo, seu valor estimado em 30 anos superaria os US$ 700 mil, 600 vezes mais do que o fixado pelo governo mexicano para este ecossistema.

“Não se está dando valor para a real finalidade dos manguezais. Além disso, não há dados sobre o benefício dos projetos que provocaram sua destruição”, disse à IPS Esperanza Salazar, coordenadora geral da não-governamental Bios Iguana, com sede no Estado de Colima. A construção de complexos turísticos e imobiliários e de unidades industriais arrasa com as florestas de mangue, segundo persistentes denúncias de organizações ambientalistas mexicanas e internacionais. Bios Igana realizou uma intensa campanha contra a instalação de uma usina regasificadora no porto de Manzanillo, no Pacífico mexicano.

Colima tem 3.192 hectares de mangues, dos quais perde 2% ao ano. Apenas na Laguna de Cuyutlán, local escolhido para a regasificadora, há 1.500 hectares de mangue, habitat de espécies ameaçadas, com crocodilo e iguanas negras e verdes. No próximo sábado será comemorado o Dia Internacional de Defesa do Ecossistema de Mangues. Dados oficiais indicam que no México há cerca de 800 mil hectares de mangues, dos quais desaparecem 10 mil por ano. O programa “Os mangues do México”, a cargo da estatal Comissão Nacional para o Conhecimento e Uso da Biodiversidade (Conabio), indica que a Península de Yucatán no mar do Caribe é a que tem maior superfície, com 349.252 hectares.

O Caribe mexicano suporta o maior desmatamento de mangues do país, com cerca de 12% ao ano, devido principalmente à expansão turística e urbana. Exatamente, o enclave turístico de Cancun suportou em outubro de 2005 o furacão Wilma, um dos mais devastadores nessa área, pois deixou 250 mil vítimas e danos materiais de milhões de dólares. O grau do impacto se deveu à degradação das áreas costeiras. “Os mangues são bem resistentes aos furacões e, ao mesmo tempo servem para minimizar seu impacto. Por isso sofrem um círculo vicioso”, disse Ezcurra.

Em fevereiro de 2007, o governo federal reformou a Lei Geral de Vida Silvestre para proibir totalmente a destruição do mangue, mas a indústria imobiliária e a turística pressionaram para modificar o artigo 60 e assim obter autorização para cortá-los e substituí-los em outra área de praia. A rede de uma centena de grupos ecológicos impediu até agora que essas mudanças avancem no Senado. No governo do conservador Vicente Fox (2000-2006), o Fundo Nacional de Fomento ao Turismo vendeu terrenos de mangues a preços entre um e 14 dólares o metro quadrado.

“A extrema supervalorização dos benefícios gerados pelos manguezais para as áreas pesqueiras, em contraste com os benefícios projetados para os desenvolvimentos costeiros e a aqüicultura, revela uma crise no planejamento e na regulamentação das zonas costeiras do Golfo da Califórnia”, afirma o estudo. O programa da Conabio identificou 55 locais de mangues de relevância biológica e áreas com necessidades imediatas de reabilitação ecológica. No longo prazo, essa iniciativa pretende estimar a taxa de mudança e identificar os principais fatores de transformação dos mangues nos últimos 30 anos, definir os lugares com maior factibilidade para conservação ou reabilitação e definir parâmetros e indicadores para monitorar esses ecossistemas.

“Em Colima, na zona industrial e portuária, estão sendo destruídos ecossistemas extremamente importantes para o país em troca de projetos que beneficiam uns poucos”, disse Salazar, cuja organização pertence à Rede de Mangues Internacional. O estudo concluiu que “o precário estado dos mangues costeiros no noreste do México e no mundo em geral não pode ser ignorado, particularmente em uma era onde a produção de alimento tem implicações transcendentais no bem-estar humano”. 

(Por Emilio Godoy, IPS, Envolverde, 24/07/2008)


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