A Áustria desafiou mais uma vez a Comissão Européia ao proibir a importação de uma variedade de milho geneticamente modificado produzido pela Monsanto. O país deve informar na semana que vem à Comissão Européia sobre sua decisão.
Outros países-membros da Comissão Européia já indicaram que também pretendem proibir o milho MON863, que é importado como ração animal e também para uso em na alimentação humana. Testes feitos em laboratórios independentes revelaram que ratos alimentados com o milho inseticida MON863 apresentaram toxicidade nos rins e fígado.
"Apesar de testes mostrarem que esse milho é tóxico para animais, a Comissão Européia se diz confortável em permitir a entrada do produto na cadeia alimentar. É extremamente preocupante que o sistema de autorização de transgênicos da União Européia tenha falhado em reconhecer esses riscos e evidencia a necessidade de uma reforma em seus procedimentos", afirma Marta Vetier, da campanha de Transgênicos do Greenpeace Europa.
Áustria, França, Hungria e Grécia já desafiaram a aprovação da União Européia para outro milho transgênico da Monsanto, conhecido como MON810 – único plantio geneticamente modificado autorizado na Europa – devido a evidências de seu impacto negativo ao meio ambiente. A autorização para o cultivo dessa variedade na Europa está para ser reavaliada. O Brasil autorizou recentemente o plantio comercial do milho MON810.
O milho MON863 – que não tem autorização para ser plantado ou comercializado no Brasil – vem causando controvérsias desde 2004, quando o jornal francês Le Monde revelou que ratos alimentados com a variedade apresentaram mudanças na composição de seu sangue e possíveis danos em órgãos internos. No entanto, apesar de toda controvérsia científica, a Comissão Européia permitiu em janeiro de 2006 que o milho transgênico fosse comercializado no mercado europeu. A decisão foi tomada mesmo com a oposição da maioria dos estados-membros da União Européia: em setembro de 2004, 14 países votaram contra a aprovação do milho da Monsanto e apenas cinco apoiaram.
Uma investigação do Greenpeace e estudos independentes posteriores publicados em março de 2007 mostraram que o fígado e os rins dos ratos alimentados com o milho MON863 estavam realmente danificados. Os estudos também revelaram que a Monsanto forneceu dados questionáveis às autoridades européias em relação ao seu produto.
"É inaceitável que a União Européia coloque os interesses comerciais de empresas como a Monsanto acima da segurança dos cidadãos europeus. A decisão austríaca contra a importação desse milho é um sinal forte à Comissão Européia para que abandone seu apoio cego à transgenia", afirma Vetier.
(Greenpeace, 24/07/2008)