O grupo de trabalho do Bioma Pampa organizado pelo Instituto Brasileiro de do Meio Ambiente (Ibama) lançou manifesto contra o zoneamento da monocultura do pínus e do eucalipto no Estado. Para o chefe de divisão técnica do Ibama e coordenador do grupo de trabalho, Marcelo Madeira, o zoneamento aprovado pela maioria dos integrantes do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), em Abril, não coloca restrições para o plantio de eucalipto. Marcelo afirma que o zoneamento apenas favorece as papeleiras que estão sendo instaladas no Bioma Pampa.
“A gente acha que da forma que foi proposto e aprovado o zoneamento no Consema e onde alguns setores governamentais e não-governamentais, contrários ao zoneamento, votaram a favor do zoneamento menos restritivo, a gente acha uma situação muito complicada, no sentido de que liberou demais, desconstitui inclusive o próprio termo zoneamento”, diz
O projeto original do zoneamento foi feito por técnicos da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Nele constam as áreas em que o plantio do eucalipto e do pínus poderia ser instalado sem causar grandes impactos ambientais. No entanto, o estudo apontou a metade Sul do Estado como a menos propícia para o plantio, o que desagradou as empresas papeleiras.
Desde a divulgação do estudo, no ano passado, empresas e governo estadual pressionaram para que o zoneamento favorecesse as monoculturas. A pressão resultou nas alterações do estudo pelo Consema, em Abril.
Como alternativa às monoculturas no Pampa, o grupo de trabalho do Ibama está promovendo discussões sobre políticas públicas para a região. Nesse sentido, foi realizado em Junho seminário sobre o assunto, reunindo órgãos do governo e universidades. Segundo Marcelo, os debates do seminário apontaram a pecuária sustentável e o turismo como atividades compatíveis para a conservação do Bioma Pampa.
“Tem que se apoiar a pecuária. A pecuária feita dentro de alguns limites, de lotação, uso e manejo sustentável dos campos, a pecuária foi realmente um ponto pacífico entre os segmentos que participaram da discussão. Tem outras atividades que também podem incentivadas, como o turismo”, diz.
Agora, o próximo passo é implementar as propostas do seminário e ampliar a discussão com os órgãos federais, afirma Marcelo. Este é o terceiro manifesto do grupo de trabalho do Ibama. O primeiro foi em defesa do parecer técnico do zoneamento inicial proposto pela equipe técnica da Fepam. O segundo alertou a necessidade de usar o zoneamento para avaliar o estudo e relatório de impacto ambiental dos empreendimentos que querem se instalar na metade Sul do Estado.
(Por Paula Cassandra, Agência Chasque, 24/07/2008)