Sem-terra protestam contra a demora em assentar famílias
Depois de caminharem por 18 quilômetros de Canoas a Porto Alegre e serem até revistados pela Brigada Militar ao entrar na Capital, cerca de 800 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram ontem a sede regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O grupo promete ficar no local até que sejam dadas garantias do cumprimento do Termo de Ajuste de Conduta, assinado ano passado pelo Incra e pelo Ministério Público Federal (MPF), que previu o assentamento de 2 mil famílias este ano.
Metade da meta tinha de ser executada até abril passado. O Incra, por meio da assessoria de imprensa, informou que esse prazo foi estendido até setembro.
Os sem-terra saíram de diversas partes do Estado no começo dessa semana e marcharam até Canoas, de onde partiram ontem rumo à Capital, provocando congestionamentos por onde passavam. Na entrada da cidade, na Avenida Ernesto Neugebauer, o movimento foi parado por pelotões de três batalhões da Brigada Militar.
O grupo de sem-terra foi submetido a uma revista pelos policiais, que buscavam armas, mas nada foi encontrado.
Liberados, os manifestantes seguiram pelas avenidas Farrapos e Mauá, até chegar à sede do Incra, na Avenida Loureiro da Silva. Os sem-terra ocuparam o pátio e oito andares do prédio.
O Incra afirma que o governo federal já encaminhou R$ 180 milhões para a compra das propriedades. A demora em assentar as famílias se deve à negociação com os proprietários das áreas e à burocracia para liberações e documentações.
As duas primeiras fazendas destinadas aos assentamentos, localizadas em São Gabriel, na região da Campanha, já foram adquiridas e serão destinadas a 38 famílias. O Incra prevê a assinatura de um decreto nas próximas duas semanas, que garantirá novas áreas, num total de 1,6 mil hectares, também em São Gabriel.
(Zero Hora, 25/07/2008)