Conciliar conhecimento científico com a experiência de vida dos agricultores é a maior motivação do pesquisador e escritor Antônio Inácio Andrioli, autor do livro "Transgênicos: as sementes do mal: a silenciosa contaminação de solos e alimentos". O livro será lançado em Porto Alegre, com debate, nesta sexta-feira, 25, às 17h, no Colégio de Aplicação do Campus do Vale da Ufrgs, no bairro Agronomia. A promoção é da Cooperativa de Produtores Ecológicos de Porto Alegre (Arcooiris) e Cooperativa Central dos Assentamentos do RS (Coceargs). No sábado, 26, às 9h, Andrioli autografa o livro na Feira dos Agricultores Ecologistas, na avenida José Bonifácio, bairro Bom Fim, ao lado da banca de livros (n°62), na segunda quadra.
O livro "Transgênicos: as sementes do mal: a silenciosa contaminação de solos e alimentos" é de autoria e organização do professor do Mestrado em Educação da Unijuí, Antônio Inácio Andrioli, doutor em Ciências Econômicas e Sociais pela Universidade de Osnabrück (Alemanha), e professor convidado do Instituto de Sociologia da Universidade Johannes-Kepler de Linz (Áustria), onde leciona Sociologia Política, Sociologia do Desenvolvimento e Metodologia da Pesquisa Social Empírica. A organização da obra teve o apoio de Richard Fuchs.
Ser filho de agricultor e ter atuado como técnico em agropecuária na extensão rural foi o que motivou Andrioli a escrever sobre transgênicos. “Sempre me identifiquei e preocupei com problemas dos agricultores”, observa, ao explicar que “o título `As sementes do mal´ é de um romance muito famoso na Alemanha, na década de 1960, cujo autor concedeu sua utilização para nosso livro, com a condição de que usássemos um subtítulo”. Ficou, portanto, "Transgênicos: as sementes do mal: a silenciosa contaminação de solos e alimentos".
Indicação a prêmio na Alemanha
Andrioli conta que, ao final de sua tese de doutorado, após cinco anos de estudos e pesquisa sobre soja transgênica, houve uma proposta de edição de um livro, mas com uma linguagem mais acessível e dirigida a um público maior. “O mal da transgenia é que se trata de uma tecnologia "mal feita", que não deu certo, com enormes consequências negativas à saúde, ao meio ambiente e aos agricultores”, afirma o autor, ao lembrar que a redação e organização do livro demandaram outros dois anos.
Hoje o livro é o mais vendido na área de transgênicos no território de língua alemã, em países como Alemanha, Áustria, Suíça, Lichtenstein e Luxemburgo, e está sendo indicado ao Prêmio Sustentabilidade 2008 na Alemanha. Já como dificuldades, Andrioli destaca a língua alemã, a pressão das multinacionais, com preconceito em torno do título, e a falta de publicidade no Brasil por parte da grande imprensa.
Constatações científicas
Como conclusão, Andrioli analisa que os transgênicos são uma tecnologia de risco, “sem benefícios à maioria da população, com enormes efeitos destrutivos sobre o meio ambiente. Especialmente no caso do milho transgênico, além dos perigos já constatados, como alergias, resistências a antibióticos e destruição da biodiversidade, há um enorme risco envolvendo a saúde: foi constatado que cobaias em contato com a toxina produzida pelo Bacillus thuringiensis apresentaram sintomas de imunodeficiência”, destaca o autor.
Para ele, isso é extremamente alarmante e confirmaria os interesses das multinacionais que pressionam sua liberação, pois essas também são indústrias de medicamentos. “A liberação do cultivo desse milho foi realizada de maneira forçada, a partir dos interesses de poucas multinacionais, interessadas na cobrança de royalties (taxas sobre o uso dessa tecnologia apropriada em forma de patente). Essas multinacionais financiam institutos de pesquisa, cientistas, políticos e a própria imprensa. Os agricultores são enganados pelos mesmos argumentos propagados na época da introdução de agrotóxicos na agricultura e tendem a ser eliminados do processo produtivo, em função dos crescentes custos de produção. Isso tem sido amplamente verificado, mas ignorado tanto por organizações dos grandes como dos pequenos produtores rurais”, diz.
“É especialmente lastimável que muitas organizações e partidos políticos contrários a essa tecnologia tenham se silenciado ou mesmo modificado sua posição e que a sociedade civil brasileira, diferente de muitos outros países, esteja tão passiva diante de um escândalo político de tamanha envergadura”.
Como projetos "literários" ou de novas publicações, Andrioli cita seu novo projeto de pesquisa na Unijuí, com apoio do CNPq, que trata da tecnologia e agricultura familiar como uma relação de educação. “Além disso, meu pós-doutorado na Áustria aborda como a tecnologia agrícola pode servir de instrumento ideológico de dominação social”, finaliza, ao indicar seu site como fonte de consulta sobre seu currículo, livros publicados e projetos.
(Por Adriane Bertoglio Rodrigues, EcoAgência, 24/07/2008)