É possível consumir produtos fabricados de forma mais sustentável. O monitoramento da origem do item, por exemplo, dá dicas sobre a produção -se foi preciso desmatar áreas ou se os efluentes foram tratados de maneira correta. As certificações são bons indícios de que houve preocupação ambiental na produção. Se houver maior demanda por itens sustentáveis, mais empresas passarão a usar essa "estratégia" para atrair clientes.
Escolher itens produzidos em menor escala é uma boa idéia. "Em qualquer região do país, produção em larga escala necessariamente leva a um maior impacto ambiental", comenta Hélio Mattar, do Akatu.
Em tempos de preços mais acessíveis e muitas opções de pagamento, é preciso também analisar a relevância do que se compra. "A redução no consumo tem de acontecer, o que não significa abrir mão do conforto. Quanto mais dinheiro uma pessoa tem, menos sustentável ela é", comenta Lisa Gunn, do Idec.
Quando for adquirir algum produto, pense em sua finalidade: uma embalagem PET pode causar eventual impacto se não for reciclada, mas levar uma embalagem de vidro ao piquenique, por exemplo, pode ser inconveniente. "O importante é refletir sempre antes de comprar, antes de pensar em que pacote vai escolher por conta das informações ecológicas, pense sobre o uso daquilo", sugere Mattar, do Akatu.
E, sobretudo, entender que não dá para ser totalmente radical, mas sim ser mais ecológico no que é possível. "Não dá para ser consciente 24 horas por dia, é impossível saber tudo a respeito de tudo, não dá para transferir toda a responsabilidade para um único "ator'", alivia a socióloga Fátima Portilho.
Ela sugere que cada família tenha uma versão reduzida da Agenda 21 (plano de ação para desenvolvimento sustentável em todo o mundo, criado na Eco 92): a "agenda da mesa da cozinha". Nela devem ser discutidas quais ações serão aplicadas na casa. "Reciclamos o lixo? Vamos comprar um carro ou não? Deve-se trazer a questão ambiental para a vida doméstica, decidir o que pode ou não ser feito."
(Folha de S. Paulo, 24/07/2008)