Despoluição do Cavalhada passa pela transferência de quase 1,7 mil famílias que habitam suas margens, a partir de projeto para ampliar o esgoto tratado da Capital
Acredite, existe um arroio por baixo desse lixo, o Cavalhada.
Pelo menos o que ainda resta dele já quase chegando ao Guaíba, após receber esgoto sem tratamento e detritos de todo o tipo. Uma dragagem deve ser realizada nas próximas semanas, mas o serviço é apenas paliativo.
- Estamos esperando a licença ambiental da Smam (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) para realizar a dragagem, mas a situação é complicada. Por mês, retiramos uma média de 5 milhões de quilos de detritos dos arroios da Capital, e 70% disso é lixo puro - afirma Ernesto da Cruz Teixeira, diretor-geral do Departamento Municipal de Esgotos Pluviais (DEP).
Engana-se quem coloca apenas na população do local a culpa pelo estado do arroio. Em toda sua extensão, (nasce próximo ao bairro Belém Velho) ele é agredido, principalmente, por esgoto cloacal sem tratamento. Parte da verdadeira solução deve começar até o fim do mês, quando 16 famílias que moram à margem, no bairro Cristal, serão removidas para a duplicação da Avenida Diário de Notícias.
É uma pequena parte das quase 1,7 mil famílias que habitam o entorno do arroio. O restante dos moradores deve, gradualmente, ser transferido a partir da implantação do Programa Integrado Socioambiental (Pisa), que tem a meta de ampliar de 27% para 77% o esgoto tratado na Capital até 2012.
Quem optar pelo bônus-moradia poderá adquirir imóvel em lugar de sua livre escolha no valor de até R$ 40 mil, mas sem poder vender a residência por cinco anos. Os demais vão para habitações a serem construídas pelo Departamento Municipal da Habitação (Demhab).
- Ainda nesse ano, serão beneficiadas famílias da Vila Foz. Aquelas na beira da Diário de Notícias, as próximas do hipódromo e outra parcela em condições precárias. Para os demais, a mudança ocorre conforme o avanço das obras do Pisa - explica Clóvis Magalhães, secretário de Gestão e Acompanhamento Estratégico.
O empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o programa foi aprovado pela instituição e está em estudo em Brasília. O financiamento é de R$ 140 milhões. Segundo Magalhães, a prefeitura tem permissão para iniciar o Pisa com recursos próprios, sendo reembolsada após tramitação no governo federal.
(Zero Hora, 24/07/2008)