O chefe do Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia (CMA), general João Carlos de Jesus Corrêa, defendeu a presença de índios entre o efetivo das tropas que protegem a região da selva amazônica. Segundo ele, a incorporação de indígenas à tropa, garantiria a vantagem do apoio da população local. Ele afirmou ainda que os recrutas índios somados a outros militares formariam uma combinação de "letalidade única", que une familiaridade com o terreno e alta perícia de combate.
Apesar do alto nível de preparo do efetivo, o general ressalta a necessidade de investimentos em equipamentos para as Forças Armadas. Segundo ele, mobilidade aérea do Exército na região, que abrange seis Estados e 3,6 milhões de km² (ou 42% do território do País) e é considerada prioritária na estratégia nacional de defesa, está restrita a 12 helicópteros.
De acordo com Corrêa, pela impossibilidade de mobilização por terra, devido ao terreno, a capacidade de sobrevoar a selva amazônica é "vital para dar condição de resposta imediata a qualquer ameaça".
A frota de helicópteros do CMA se divide em quatro Black Hawks, quatro Cougars e quatro Panteras, que periodicamente precisam ser retirados de atividade para manutenção. Corrêa acredita que o mínimo necessário para dar melhores condições de operação na selva seria o dobro deste número. "Nosso poderio atual é como um poodle colocado para vigiar uma mansão no bairro dos Jardins", disse.
Em 2008, de acordo com o Comandante em Exercício, subordinado ao general Augusto Heleno, o CMA soma 25 mil homens para exercícios e eventuais operações na região. O general cita, entre os vizinhos com maior potencial militar, a Venezuela, pelos recentes investimentos de petrodólares no Exército, e a Colômbia, pelo know how adquirido em 40 anos de combate às Farc e as parcerias com os Estados Unidos para impor as recentes derrotas à narcoguerrilha, nenhum dos quais é considerado potencial ameaça.
O CMA revela que a estratégia de defesa do Brasil em caso de invasão de um inimigo de "poder incontestavelmente superior" seria a de resistência, como a do exército vietnamita e a do iraquiano contra os EUA. "Nossa força seria o apoio da população local. Conduziríamos a operações não-convencionais para anular no invasor a vontade de seguir combatendo", diz.
(24 Horas News,
Amazonia.org.br, 23/07/2008)