Prestar solidariedade aos guaranis da aldeia Tekoá Itarypu, de Camboinhas, em Niterói, destruída por incêndio criminoso. É com este objetivo que três índios guaranis da aldeia capixaba de Boa Esperança, em Aracruz, seguiram na noite de ontem (22) para o Rio de Janeiro. Se dependesse da vontade deles, seguia um grupo maior para ajudar na reconstrução.
Segundo relato de Marcelo, liderança indígena, o grupo de Três Palmeiras trabalhará por alguns dias na reconstrução das ocas queimadas. A aldeia da tribo no Rio de Janeiro é habitada por 53 índios.
Os índios têm apoio de grande parte dos moradores das proximidades, pois a área tem, inclusive, um cemitério indígena. Mas há pessoas hostis. É deste grupo que deve ter partido a ação para destruição da aldeia, como supõem. Os índios exigem que a polícia identifique os autores do atentado.
Uma hipótese é de que o incêndio tenha sido provocado por donos de terrenos próximos, ou mandado por imobiliárias.
No balanço feito pelos índios no atentado praticado pela aldeia na última sexta-feira (18), houve um prejuízo de aproximadamente R$ 7 mil. Foram destruídas cinco ocas, a casa de reza e uma escola, onde os índios reuniam objetos da história da tribo. Uma pessoa foi atingida. Na hora do incêndio, só mulheres e crianças estavam na aldeia.
Os índios da aldeia destruída dormem em barracas improvisadas com lonas, pois restou apenas uma casa de alvenaria em pé.
A área foi ocupada pelos índios em março deste ano, e eles querem que a Fundação Nacional do Índio (Funai) faça a demarcação da terra. Através de nota, a Funai informou que desde junho analisa a hipótese de demarcar a área. Mas que os estudos antropológicos necessários ainda não foram concluídos.
O capixaba Marcelo, guarani, informou que trará de Niterói quatro pessoas. De lá já veio um pajé, que mora na aldeia de Três Palmeiras. Agora virão seus parentes.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 22/07/2008)