Mais de 700 cientistas de 28 países estão reunidos na 8ª Conferência Internacional de Zonas Húmidas, na cidade brasileira de Cuiabá, para definir um plano de acção que proteja estes ecossistemas, que cobrem seis por cento da superfície do planeta e estão ameaçados pelas alterações climáticas. Os cientistas, reunidos no Centro de Eventos do Pantanal, Cuiabá (Mato Grosso), até dia 25, estão preocupados com o efeito da destruição das zonas húmidas no sobre-aquecimento do planeta.
As zonas húmidas funcionam como esponjas, absorvem a água, filtram os sedimentos e redistribuem a água subterrânea. “Também ajudam a regular o clima. Estimamos que todas as zonas húmidas do planeta armazenam uma quantidade de carbono equivalente à que existe hoje na atmosfera. Se for libertada, isso terá sérias consequências para as alterações climáticas”, disse Paulo Teixeira de Sousa, secretário-executivo do Centro de Investigação do Pantanal, instituição que organiza a conferência, juntamente com a Associação Internacional de Ecologia e a Universidade Federal de Mato Grosso.
Estima-se que cerca de 60 por cento das zonas húmidas tenham sido destruídas no século passado, especialmente para a agricultura. Agora, os cientistas defendem que estes ecossistemas precisam de planos de gestão a longo prazo.
Wolfgang Junk, do Max Planck Institute for Evolutionary Biology, Alemanha, sublinhou que “os Estados Unidos estão a gastar milhões de dólares para recuperar as zonas húmidas do Mississípi que foram destruídas”. O investigador defendeu a necessidade de conhecer melhor as zonas húmidas da América do Sul, uma vez que estão relativamente bem preservadas.
Segundo os especialistas, as maiores ameaças às zonas húmidas do mundo são a elevada concentração de pessoas, as indústrias, a exploração mineira, aquacultura, barragens e sistemas de controlo de cheias.
Os participantes na conferência vão assinar um documento com sugestões para apresentar aos líderes mundiais, adiantou Paulo Teixeira de Sousa. Espera-se que desta conferência saiam as medidas a tomar, bem como acordos para a conservação das zonas húmidas.
(Ecosfera, 22/07/2008)