A terceira edição da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS 2006) avalia pela primeira vez a questão da segurança alimentar nos domicílios onde moram mulheres em idade fértil e crianças menores de cinco anos. A pesquisa fornece dados que ajudam a avaliar os avanços ocorridos na saúde da mulher e da criança no Brasil, além de permitir comparações internacionais e auxiliar na formulação de políticas públicas.
Em relação à questão de segurança alimentar, um dos resultados apontados foi uma redução da insegurança alimentar nos domicílios. De 2004 a 2006, registrou-se uma redução de 27,3% no número de famílias com insegurança alimentar grave ou vulnerabilidade à fome. Mais da metade das mulheres entrevistas (62,5%) consideraram ter acesso à alimentação em quantidade e qualidade suficientes.
Em 23% dos domicílios, residiam pessoas com insegurança alimentar leve, que significa incerteza sobre a capacidade da família de ter alimentos suficientes até o próximo salário, o que leva a uma diminuição da qualidade da dieta da família. Em 9,7%, a insegurança alimentar era moderada, já havia redução na quantidade de alimentos entre os adultos. Em 4,8%, foi identificada insegurança alimentar grave, situação de restrição quantitativa de alimentos que pode levar à fome, tanto entre adultos quanto entre crianças.
Outro dado relevante foi o arrefecimento da insegurança alimentar entre os beneficiários de programas sociais. Em domicílios atendidos pelo Programa Bolsa Família, a situação de segurança alimentar aumentou 19,2% de 2004 a 2006. Os pesquisadores avaliaram os domicílios baseados nos seguintes critérios: diminuição dos alimentos nas refeições, falta de alimentos em casa, mudança na qualidade da alimentação, redução do número de refeições, preocupação com o falta alimentos no futuro por dificuldades financeiras para adquiri-los.
A pesquisa também mostra que, em dez anos, as políticas sociais implementadas no país resultaram em uma significativa melhoria de vida de mulheres e crianças. Entre os principais avanços, está a redução em mais de 50% da desnutrição das crianças menores de cinco anos, de 1996 a 2006. A avaliação envolveu 15 mil mulheres em idade fértil (15 a 49 anos) e 5 mil crianças com até 5 anos.
A pesquisa foi coordenada pelo Cebrap, com a participação do Núcleo de Estudos de População (Unicamp), Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Ciências Médicas (Unicamp), Núcleo de Pesquisas em Nutrição e Saúde da Faculdade de Saúde Pública (USP) e o Laboratório de Nutrição do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), sendo as atividades de campo executadas pelo Ibope. A primeira edição foi realizada em 1986 e a segunda em 1996.
(As matérias sobre
Segurança Alimentar são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil, 22/07/2008)