Os portos não fazem sentido na área central das cidades, mesmo que eles ainda estejam ativos. A afirmação foi feita nesta terça-feira (22/07) à tarde, durante o encerramento do Fórum Porto Alegre, uma Visão de Futuro, pelo urbanista catalão Jordi Borja, responsável pela remodelação e reforma da cidade de Barcelona, na Espanha, entre os anos de 1980 e 1990.
Promovido pela Câmara Municipal de Porto Alegre, o evento foi realizado no prédio 40 da PUCRS. Falando sobre a transformação urbana de Barcelona, no painel Experiências Contemporâneas de Transformação Urbana, Borja lembrou que a área portuária de Porto Alegre tem pouca atividade, atualmente, e disse que os portos precisam ser recuperados para as cidades, disponibilizando equipamentos culturais e de lazer para a população e atividades relacionadas com a água. "A área portuária precisa ter cheiro de água."
Jordi Borja destacou que muitas cidades herdaram uma zona industrial obsoleta, mas defendeu que essas áreas sejam manitdas e revigoradas, levando em conta a arquitetura diferenciada que elas possuem em relação ao restante da cidade, os ofícios de seu povo e as tradições locais. "Deve-se reutilizar esses prédios para shoppings, cinemas e equipamentos de lazer, mantendo oferta cultural para os moradores dos bairros industriais. Tudo isso foi levado em conta na remodelação de Barcelona", disse.
Experiências Negativas
O urbanista alertou, no entanto, que todas as cidades possuem experiências negativas em urbanismo e citou o exemplo da Zona Fórum 2004, em Barcelona, que serviu para abrigar as atividades do Fórum Mundial de Cultura em 2004. "Aquele espaço ficou desagregado da cidade, as pessoas ficaram perdidas ali." Para ele, as políticas públicas urbanas sempre irão contra os interesses excludentes do mercado. "A mistura da ignorância do poder político com os interesses do poder econômico geram maus resultados e arrogância arquitetônica", afirmou, citando obras realizadas sem qualquer critério técnico ou planejamento.
Borja disse ainda que, no planejamento urbano das cidades, "toda atividade importa e todo o cidadão é igual", mas ressaltou que é preciso dar atenção especial à população mais pobre, resolvendo alguns problemas que melhorem a qualidade de vida das pessoas. Também destacou a importância de se revitalizar a área central das cidades, para que ela seja acessível a todos os cidadãos. "É preciso manter o equilíbrio entre função residencial e terciária da área central."
(Por Carlos Scomazzon, Ascom CMPA, 22/07/2008)