Uma equipa de investigadores anunciou hoje ter encontrado uma nova população de Prolemur simus, espécie de Lémur rara e criticamente ameaçada, nas zonas húmidas de Torotorofotsy, na ilha de Madagáscar. A descoberta, dizem, aumenta a esperança para a sobrevivência da espécie.
Orientados pelo guia local Jean Rafalimandimby, os investigadores da organização não governamental malaia MITSINJO e do Zoo Henry Doorly (Nebrasca) encontraram, em 2007, entre 30 e 40 animais encontrados na zona Centro-Este da ilha, 400 quilómetros a Norte das áreas isoladas de floresta de bambu onde habita o resto da população, até agora a única que era conhecida.
“Encontrar o extremamente raro Prolemur simus num local onde ninguém suspeitava é, provavelmente, mais entusiasmante do que descobrir uma nova espécie de Lémur”, comentou Edward Louis, conservacionista norte-americano do Zoo Henry Doorly, que coordenou a investigação.
A destruição do habitat pelas práticas agrícolas e abate ilegal de árvores ameaça esta espécie estimada, até à descoberta da nova população, num total de cem indivíduos. “A nossa esperança é que a presença destas criaturas criticamente ameaçadas aumente os esforços de protecção do seu habitat a fim de as manter vivas”, disse Rainer Dolch da MITSINJO, responsável pela gestão da reserva Torotorofotsy, Sítio Ramsar.
Os investigadores colocaram coleiras com transmissores em seis lémures para saber mais onde e como vivem.
A elevada biodiversidade de Madagáscar, onde 90 por cento das espécies não existem em mais lugar nenhum do planeta, pode explicar-se pela variedade dos ecossistemas (floresta tropical, montanhas, planícies) e à sua história geológica. Madagáscar, inicialmente ligado ao continente africano, separou-se há entre cem a 200 milhões de anos.
Os investigadores vão apresentar mais informação sobre a descoberta da nova população de Prolemur simus no Congresso Internacional da Sociedade de Primatologia 2008, em Edimburgo, Escócia, de 3 a 8 de Agosto. A expedição teve o apoio da Margot Marsh Biodiversity Foundation e da Conservation International.
(Reuters, Ecosfera, 22/07/2008)