Enquanto o presidente da França, Nicolas Sarkozy, tenta emplacar sua agenda nuclear mundo afora, as usinas nucleares francesas continuam dando provas de que são um grande e perigoso problema. No último dia 7 de julho, 30 metros cúbicos de um líquido contendo urânio não-enriquecido transbordaram de uma fábrica da central nuclear de Triscastin, na região de Vaucluse, um ponto turístico francês. A população local e visitantes ficaram impedidos de consumir a água dos dois rios da região, que ficaram contaminados. Agora foi revelado um novo vazamento de líquido contendo urânio (desta vez levemente enriquecido), na cidade de Romans-sur-Isere. As duas usinas são administradas pela Arena, estatal nuclear francesa.
Ainda não se sabe qual a quantidade de urânio que vazou desta vez. Segundo comunicado oficial da Areva, o acidente ocorreu devido ao rompimento de um cano, que se quebrou "anos atrás". O encanamento ligava uma oficina onde se faz o combustível nuclear a uma estação de tratamento de urânio.
A Agência de Segurança Nuclear (ASN) da França criticou a Areva pela demora da estatal em comunicar os dois vazamentos e pelas insatisfatórias medidas de segurança tomadas. O mais grave em ambos os casos foi a demora na comunicação dos acidentes para as autoridades e, principalmente, à população.
Os dois acidentes obrigaram ao governo da França a tomar medidas extras de segurança. Segundo o ministro do Meio Ambiente francês, Jean-Louis Borloo, todos os rios que ficam próximos a reatores nucleares serão avaliados para ver se estão contaminados.
Na sexta-feira (18/7), a ASN anunciou também que 15 técnicos da central nuclear de Saint Alban foram contaminados durante uma operação de verificação. Os problemas têm ocorrido todos os dias nas usinas francesas e ainda assim o governo Sarkozy as vende a outros países como perfeitas soluções energéticas.
"Os vazamentos radioativos da França mostram como as instalações nucleares são inseguras. O Brasil deveria prestar mais atenção no risco imposto para as populações durante estes acidentes antes de anunciar a construção de mais 3 ou 4 usinas no país. O mundo e principalmente o Brasil tem outras opções energéticas que são mais limpas, seguras e baratas", afirma Rebeca Lerer, coordenadora da campanha de energia do Greenpeace no Brasil.
(Greenpeace, 22/07/2008)