Manifestantes bloquearam a estrada por dois dias
Manifestantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que desde segunda-feira ocupavam o acesso ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó, em Águas de Chapecó (SC), deixaram o local na tarde desta terça. Eles estavam impedindo a entrada de caminhões com cimento.
De acordo com a Polícia Militar, os manifestantes saíram após determinação judicial para desobstruir a estrada. Já os integrantes do MAB afirmaram que a saída foi definida após a reunião marcada para quinta-feira, às 9h, em Chapecó, em local ainda indefinido.
O presidente da Colônia de Pescadores de Chapecó, Luís Petry, disse que o movimento voltará a ocupar a entrada do canteiro de obras caso não sejam atendidas as reivindicações da categoria.
Além das indenizações das moradias, os pescadores querem uma indenização pelo impacto na sua atividade pois, com o fechamento do lago, a migração de peixes como o dourado será afetada.
Eles também reivindicam o benefício a pescadores que ficam abaixo da barragem, que também será atingido pela redução da vazão do rio Uruguai, que será desviado por túneis até a casa de força localizada em Alpestre (RS), próximo ao balneário de Ilha Redonda. Com isso, num trecho de 17 quilômetros, a vazão será reduzida em cerca de 90%.
Petry disse que a empresa está negando direitos aos pescadores. Inácio Schuster, de São Carlos, acredita que vai perder 80% da renda.
O MAB quer também que a empresa apresente mais duas áreas de terra para reassentamento, projetos de desenvolvimento das comunidades atingidas e reconhecimento como atingidos de pessoas afetadas indiretamente em suas atividades, como comerciantes, professores e transportadores.
A assessoria de imprensa da Foz do Chapecó Energia S.A., concessionária da obra, informou que aceitou a reunião com os manifestantes após a desobstrução da estrada. A empresa informou que já adquiriu dois mil hectares de terra para reassentamentos em Mangueirinha (PR) e somente vai comprar novas áreas após o preenchimento da área atual, onde cabem 90 famílias.
Em relação aos pescadores estão sendo adotadas medidas de compensação, como a compra de um barco e a cedência de uma sala para a associação de pescadores de São Carlos. Em relação aos atingidos indiretos a empresa deve agir de acordo com o que está previsto em lei, avaliando caso a caso.
A Usina Foz do Chapecó deve gerar 855 megawatts e atingir 2,5 mil famílias em 13 municípios gaúchos e catarinenses. A primeira das quatro turbinas deve entrar em operação em outubro de 2010.
(Por Darci Debona, Zero Hora, 22/07/2008)