Segundo pesquisa encomendada pelo Banco Mundial, os principais atores florestais concordam sobre a necessidade de uma parceria global pelas florestas. Entretanto, a pesquisa mostra algumas divergências em relação ao proposto pelo bancoExiste consenso entre os atores florestais de diversos países sobre a necessidade de uma parceria global pelas florestas, de acordo com o relatório produzido pelo Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento (IIED, na sigla em inglês), a pedido do Banco Mundial. A pesquisa questionou atores (stakeholders) atuantes em sete países, entre eles o Brasil, além de povos tradicionais e organizações internacionais a respeito da proposta do Banco Mundial de se criar uma nova Parceria Global pelas Florestas (PGF).
A PGF foi proposta pelo banco em 2007, com o objetivo de atuar junto com diversas organizações e melhorar o gerenciamento das florestas nas questões social, ambiental e econômica, especialmente nos países em desenvolvimento.
Para a maioria dos entrevistados, iniciativas florestais isoladas não estão resolvendo os problemas das florestas. Uma parceria global, no entanto, só teria valor se estivesse fortemente ligada às prioridades locais. "Os atores receberiam positivamente uma parceria se ela fosse mais focalizada nos atores florestais - nos povos dependentes das florestas e/ou nos defensores das florestas de outros setores - do que o sugerido na proposta original", relata o estudo.
Essa parceria deveria ser trans-setorial, participativa e como ações da base para o topo, ao invés de impostas pelo topo para a base. Além disso, o documento diz que "a maioria dos entrevistados declarou que há necessidade e demanda por uma melhor atuação do próprio Banco Mundial junto às florestas".
RiscosA pesquisa revelou que a maior preocupação dos entrevistados diz respeito ao risco de que uma parceria global venha a ser dominada por grupos mais poderosos, excluindo atores florestais sem voz e direitos. De acordo com o relatório, esse risco pode ser grande se "o processo de estabelecimento da parceria global pelas florestas for apressado e/ou conduzido por uma única organização". O relatório ainda diz que o Banco Mundial reconhece esse risco e que sua intenção original é de se engajar com outros grupos.
As metas propostas pela PGF também foram consideradas "muito genéricas, ambíguas e irreais" e a maioria dos entrevistados mostraram a necessidade de princípios e objetivos. Ao final do relatório, o IIED sugere princípios para a construção de uma parceria global pelas florestas.
Uma minoria não vê nenhuma justificativa para uma parceria global pelas florestas. Segundo o relatório, os principais motivos são percepções "de que alianças globais anteriores mostram-se ineficientes; de que é preciso apoiar mecanismos viáveis já existentes; de que as potenciais prioridades identificadas pelo Banco Mundial não poderiam ser atingidas pelos meios propostos; e de que uma parceria não conseguiria superar as experiências negativas com organizações internacionais, incluindo o Banco Mundial".
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Amazonia.org.br, 22/07/2008)