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manguezais recursos costeiros br
2008-07-22

As florestas de manguezais das costas tropicais de todo mundo valem mais do que se calculava anteriormente, de acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira. Pesquisadores trabalhando no Golfo da Califórnia no México chegaram a um total de 37,5 mil dólares por hectare/ano, gerados pela contribuição dos mangues para a pesca local.

A pesquisa, publicado no jornal científico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) pode ter implicações importantes no Brasil, onde muitos ecossistemas costeiros estão ameaçados por planos de infra-estrutura para o turismo, fazendas de camarão e portos.

Os especialistas, do Instituto Scripps da Oceanografia na Universidade da Califórnia em San Diego, estudaram 13 regiões pesqueiras no Golfo, comparando o tamanho de pescas com os remanescentes de florestas de mangue. Eles concluíram que entre 2001 e 2005 pescadores locais pegaram em média 11.500 toneladas por ano de espécies de peixes e caranguejos que utilizam os manguezais como berçários. Esta pesca rendeu cerca de 19 milhões de dólares para a economia regional.

Mais importante ainda, o estudo concluiu que existe uma correlação positiva entre o tamanho da pesca e a quantidade de mangues restantes – as diferenças entre as regiões não tiveram relação com outros fatores como latitude ou o tamanho do estuário.

O valor de 37,5 mil dólares por hectare é muito maior do que estimativas anteriores dos “serviços” prestados pelos manguezais, mas de acordo com os autores do estudo, a estimativa seria menor do que o valor real, pois só levou em conta os benefícios pela pesca, e não oportunidades como ecoturismo e recreação. Também ignorou serviços como proteção do litoral contra erosão, e filtração de águas entre o continente e o mar.

Co-autor Enric Sala, professor adjunto no Instituto Scripps disse, “A floresta é essencial pelo bem-estar de longo prazo de muito outras pessoas cujos modos da viva dependem nas pescas.”

Os autores também apontam ao fato de que esse valor ao longo de 10 anos é mais de trezentas vezes maior que o custo estabelecido pelo governo mexicano pelo uso de mangues para desenvolvimento. Eles argumentam que se as florestas forem cortadas para outros usos, os usuários dos serviços perdidos do ecossistema, como os pescadores, deveriam ser indenizados.

Conexão Brasil
Enquanto o estudo foi feito especificamente com relação ao Golfo da Califórnia, especialistas no Brasil acham que tem grande relevância aqui. Rodrigo Moura do programa marinho da Conservação Internacional, baseado no litoral Sul da Bahia, disse que provavelmente o valor dos manguezais brasileiros seja ainda maior do que os no México.

“Já sabemos que espécies de grande importância comercial no Norte e Nordeste passam períodos críticos da vida nos estuários e manguezais, geralmente enquanto jovens,” disse em entrevista a O Eco. “Depois, ao crescer, migram para o mar, onde são capturadas. Um bom exemplo são os pargos, ou vermelhos (família Lutjanidae), que utilizam manguezais e estuários como berçários, sendo importantes recursos pesqueiros, ocupando a sexta posição em termos de importância relativa (cerca de 15,000 toneladas/ano).”

Moura, que tem estado envolvido em campanhas contra projetos de construir fazendas de camarões no litoral nordestino, criticou os governos estaduais por serem coniventes na destruição de manguezais e outras formações costeiras em áreas que deveriam ser de proteção permanente, mesmo em unidades de conservação.

“É um bom exemplo de contabilidade ambiental mal feita (ou melhor, não feita!), uma vez que apenas o retorno financeiro de determinados empreendimentos é considerado. Ignora-se todo o resto, inclusive o papel dos manguezais enquanto fonte de vida para os oceanos,” disse.

Os autores do estudo no México concluíram que existe uma crise de gestão na subestimação dos benefícios gerados pelos manguezais em comparação dos benefícios projetados dos desenvolvimentos costeiros e carcinicultura. Numa época em que produção de alimentos tem implicações importantes para o bem estar humano, argumentam, o estado precário das áreas úmidas costeiras do mundo não pode ser ignorado.

Leia aqui entrevista completa de Rodrigo Moura da Conservação Internacional.

(Por Tim Hirsch*, OEco, 21/07/2008)
*Tim Hirsch foi correspondente da meio ambiente da BBC e atualmente é jornalista em São Paulo. Ele escreve o Blog Vida na Mata Atlântica.


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