A produção de biocombustíveis privam o mundo de quase 100 milhões de toneladas de cereais como milho e trigo, que poderiam ser destinados à alimentação, afirmou na segunda-feira (21) em Havana o diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), o senegalês Jacques Diouf. Durante a palestra, ele não mencionou o álcool feito de cana-de-açúcar, produzido no Brasil.
"O aumento dos preços do petróleo" e as barreiras comerciais "foram a causa de que uma proporção crescente da produção agrícola se transformasse em matéria-prima competitiva para o setor energético", disse Diouf, durante aula magna na Universidade de Havana.
"O resultado é que quase 100 milhões de toneladas de cereais foram subtraídas aos mercados de alimentos para destinar-se à satisfação de necessidades energéticas", acrescentou Diouf, que visita Cuba para conhecer as medidas impulsionadas pelo governo de Raúl Castro ante a crise mundial de alimentos.
Ele advertiu que "o mercado energético é tão grande e a demanda tão elevada que poderiam modificar radicalmente os sistemas agrícolas tradicionais", com "o uso de recursos agrícolas para o mercado energético introduzindo um paradigma completamente novo na agricultura mundial".
Segundo o Banco Mundial (Bird), os preços dos alimentos praticamente duplicaram em três anos. Seu presidente, Robert Zoellick, sustenta que 2 bilhões de pessoas estão afetadas pela crise, e que mais 100 milhões nos países pobres podem passar a viver abaixo do umbral de pobreza extrema.
(Folha Online, AmbienteBrasil, 22/07/2008)