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2008-07-21

Diariamente, mais de 2,5 bilhões de pessoas sofrem com a falta de acesso a saneamento melhorado¹ e quase 1,2 bilhão de pessoas defecam ao ar livre, a prática sanitária de maior risco, segundo relatório divulgado pelo Programa Conjunto OMS/UNICEF de Monitoramento do Abastecimento de Água e Saneamento.

O relatório, intitulado "Progress on Drinking Water and Sanitation – Special Focus on Sanitation," (Progressos sobre Água Potável e Saneamento – Enfoque Especial no Saneamento), é lançado na metade do Ano Internacional do Saneamento. O documento avalia – pela primeira vez – os progressos globais, regionais e nacionais em relação ao uso de um inovador conceito “escada”. Esse conceito revela práticas de saneamento com maior detalhe, permitindo aos especialistas realçar as tendências no uso de instalações sanitárias melhoradas, partilhadas e não-melhoradas e a tendência quanto à prática da defecação ao ar livre. De maneira similar, quando aplicado à água potável, esse conceito revela a porcentagem da população mundial que utiliza água canalizada para uma habitação, terreno ou quintal; outras fontes melhoradas de água, tais como as bombas manuais; e fontes não melhoradas.

Globalmente, o número de pessoas que não têm acesso a uma fonte melhorada de água potável² desceu abaixo de um bilhão desde a primeira coleta de dados em 1990. Atualmente, 87% da população mundial tem acesso a fontes melhoradas de água potável, e, se forem mantidas as tendências atuais, até 2015, essa proporção vai superar os 90%.

O número de pessoas que, em todo o mundo, praticam a defecação ao ar livre diminuiu de 24% ,em 1990, para 18%, em 2006. O relatório sublinha também as disparidades dentro das fronteiras nacionais, especialmente entre os moradores do campo e os da cidade. No mundo, há quatro vezes mais pessoas que vivem em áreas rurais – aproximadamente 746 milhões – sem acesso a fontes de água melhoradas, se comparadas com os cerca de 137 milhões de moradores urbanos.

O saneamento deficiente ameaça a sobrevivência das crianças dado que um ambiente contaminado por resíduos fecais está diretamente ligado às doenças diarréicas, uma das principais causas de morte de crianças menores de 5 anos. É muito difícil garantir um ambiente limpo quando a defecação ao ar livre é praticada, mesmo que seja só por uma pequena parte da população.

“Se as tendências atuais se mantiverem, o mundo ficará aquém da meta do saneamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para mais de 700 milhões de pessoas,” afirmou Ann M. Veneman, Diretora Executiva da UNICEF. “Sem melhoramentos profundos, os prejuízos serão enormes.”

Contudo, cada vez mais pessoas usam agora instalações sanitárias melhoradas – que são aquelas que garantem que os excrementos humanos sejam eliminados de maneira a impedir que os mesmos provoquem doenças por meio da contaminação dos alimentos e das fontes de água.

Embora a defecação ao ar livre esteja em declínio globalmente, 18% da população mundial, totalizando 1,2 bilhão de pessoas, continua a praticá-la. No sul da Ásia, cerca de 778 milhões de pessoas continuam com essa prática sanitária tão arriscada.

"Hoje em dia dispomos de uma variedade de opções técnicas de baixo-custo para proporcionar saneamento em quase todas as circunstâncias" afirmou a Dra. Margaret Chan, Diretora-Geral da OMS (Organização Mundial da Saúde). "Cada vez mais governos estão decididos a levar a água e o saneamento às suas populações mais carentes. Se quisermos romper o ciclo da pobreza, e colher os múltiplos benefícios para a saúde, temos de enfrentar a questão da água e do saneamento."

Melhorias reais no acesso à água potável ocorreram em muitos países do sul da África. Segundo o relatório, sete dos dez países que realizaram progressos mais rápidos e estão a caminho de cumprir o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio relativo à água potável estão na África ao Sul do Saara (Burquina Fasso, Namíbia, Gana, Malaui, Uganda, Mali, Djibuti). Dos dez países que ainda não estão a caminho de cumprir a meta do saneamento, mas estão fazendo progressos rápidos, cinco situam-se na África ao sul do Saara (Benin, Camarões, Comoros, Mali e Zâmbia).

(Unicef, Envolverde, 18/07/2008)


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