A falta de consciência ambiental de algumas pessoas trouxe para dentro dos laboratórios da Universidade Católica de Pelotas a possibilidade de aprendizado. Através do processo de taxidermia (ato de “empalhar”), animais selvagens mortos apreendidos em patrulhas da Companhia Ambiental da Brigada Militar ou encontrados na beira das estradas passam a fazer parte do Museu de História Natural (MUCPel), local que aos poucos passa a ser melhor conhecido pela comunidade de Pelotas.
De acordo com o professor José Antônio Weycamp da Cruz, coordenador do curso de Ecologia da UCPel, o MUCPel é uma peça fundamental na integração entre o ensino, a pesquisa e a extensão no curso. Além de contar com o acervo didático, que fica em exposição à comunidade, o museu conta com uma extensa coleção científica, disponível para pesquisadores. Através dela, os alunos bolsistas podem desenvolver diversas pesquisas, especialmente na área de saúde ambiental. Os resultados encontrados nelas indicam que um maior cuidado com o meio ambiente colabora com a manutenção da saúde humana.
Entretanto, o que mais chama atenção no Museu de História Natural é o acervo didático. Formada por cerca de 400 exemplares de mamíferos, répteis e aves, sem contar as diversas coleções de insetos, essa área do museu voltará a ser aberta à comunidade após a reforma que transformará o MUCPel. Dentro da coleção entomológica (de insetos), existem borboletas vindas de diversas partes do mundo, algumas já extintas. Colecionadas por irmãs interessadas nas espécies do inseto, os exemplares foram comprados pela UCPel e hoje encantam quem freqüenta o espaço. “Os animais fazem muito sucesso com as crianças, elas ficam fascinadas”, diz o professor.
O acervo didático também permite que a equipe do museu, coordenado pela professora Elvia Viana, possa atuar junto à comunidade na educação ambiental, através de palestras nas Unidades Básicas de Saúde, escolas e associações de bairro.
Preocupação constante
A consciência ambiental é lembrada em todos os momentos dentro do MUCPel. Durante as visitas guiadas, os estagiários mostram a importância da preservação do meio, mostrando o motivo pelo qual os animais estão ali em exposição. Afinal, todos eles foram mortos por negligência ou crime. Como sempre é chamada atenção pela equipe do local, nenhum animal foi abatido especialmente para integrar o acervo. Além disso, são mostradas ali espécies em risco de extinção, como a onça, um dos integrantes mais antigos do acervo.
O museu recebe os animais mortos especialmente após alguma patrulha da Companhia Ambiental da Brigada Militar. Eles são limpos e preenchidos com palha e algodão, daí o nome “empalhamento”, usado popularmente ao se referir à taxidermia. A pele é tratada por uma série de produtos químicos para preservar o aspecto original.
O MUCPel passa atualmente por um processo de reforma, para qualificar os espaços das coleções científica e didática, que totalizam mais de dois mil exemplares, contando apenas aves e mamíferos. Além de abrigar a parte científica em espaço mais amplo, a nova exposição à comunidade terá ambientes temáticos, mostrando os exemplares em quatro áreas principais: floresta, campo, banhado e área costeira. A previsão do professor Weycamp é que dentro de um mês e meio o espaço já esteja pronto.
Mostra ambiental
Enquanto a reforma do museu não fica pronta, alguns exemplares da coleção estão em exposição na 1ª Mostra de Ações Socioambientais, organizada pela Fundação Tupahue, em parceria com diversas entidades. De acordo com a consultora da Fundação, Anelise Gomes, “a mostra é uma oportunidade de mostrar para a comunidade que há bastante gente trabalhando na área ambiental”. A mostra acontece até sexta-feira no Hall da Prefeitura, das 8h às 14h. A entrada é franca.
(Por Thiago Araújo, Diário Popular, 21/07/2008)